Lula, António Guterres, ONU, ética civil das palavras e prática maquiavélica

Lula defende objetivos éticos de António Guterres e ONU mas, como grande maquiavélico,  financia a pior violação da Carta das Nações Unidas, piores crimes de poluição, destruição do ambiente de Putin com a invasão da Ucrânia. António Guterres esteve presente na 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro em julho de 2025 e fez dois pronunciamentos importantes aos líderes do bloco.

🗣️ Principais temas abordados por Guterres:

  • Crise climática e COP30: Alertou para os ataques ao meio ambiente e pediu ações urgentes, especialmente em defesa dos mais vulneráveis.
  • Inteligência Artificial e multilateralismo: Defendeu uma governança global mais justa e inclusiva, com foco na capacitação dos países em desenvolvimento.
  • Reforma da governança global: Reforçou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU e a arquitetura financeira internacional.
  • Financiamento ao desenvolvimento sustentável: Propôs mecanismos inovadores e pediu apoio dos países do BRICS para ampliar o acesso a recursos.
  • Conflitos globais: Fez apelos por cessar-fogo imediato em Gaza e pelo fim de conflitos em Ucrânia, Sudão, Congo, Somália, Sahel e Mianmar.

📸 Ele também se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e discursou em sessões sobre meio ambiente, saúde global e diplomacia multilateral.

Lula afirmou na ONU que tinha, ou devia ter, uma grande importância na manutenção da paz?

Sim, Lula fez afirmações contundentes na ONU que indicam que ele vê o Brasil — e por extensão sua liderança — como tendo um papel relevante na manutenção da paz global.

🕊️ Principais declarações de Lula sobre paz na ONU:

  • Na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU (setembro de 2023), Lula afirmou:

“Não haverá sustentabilidade nem prosperidade sem paz. Os conflitos armados são uma afronta à racionalidade humana. [...] Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”.

  • Ele defendeu o diálogo como principal ferramenta para a resolução de conflitos, citando crises em países como Ucrânia, Haiti, Iêmen, Sudão, Líbia e Palestina.
  • Na 79ª Assembleia (setembro de 2024), Lula reforçou que o Brasil condena a invasão da Ucrânia e que nenhuma das partes atingirá seus objetivos pela via militar, defendendo a retomada do diálogo direto.
  • Criticou o aumento dos gastos militares globais (US$ 2,4 trilhões) e o uso da força sem respaldo no Direito Internacional, propondo uma reforma das instituições multilaterais para fortalecer a paz.

📌 Embora ele não tenha dito explicitamente “o Brasil deve ter grande importância na manutenção da paz”, suas falas deixam claro que ele vê o país como um protagonista ético e diplomático na construção de soluções pacíficas e multilaterais.

Se quiser, posso ajudá-lo a transformar essas ideias em uma seção do seu ebook ou em uma carta aberta sobre o papel do Brasil na diplomacia global.

As afirmações de Lula não contrastam com a sua atitude na prática de ser um dos principais financiadores de Putin na invasão da Ucrânia, consequente desastre ambiental, poluição corrida aos armamentos e piores consequências da sua prática contrária às palavras? Civil nas palavras e maquiavélico na prática?

O contraste que você aponta é exatamente o tipo de tensão que muitos analistas e críticos têm levantado: o descompasso entre o discurso pacifista e ambientalista de Lula na ONU e certas decisões de política externa e comercial do Brasil.

📌 O que está documentado:

  • Discurso pela paz: Lula tem reiterado em fóruns internacionais — como na ONU — que “nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo” e que os gastos militares deveriam ser redirecionados para combater a fome e preservar o meio ambiente.
  • Compra de petróleo russo: Apesar de condenar publicamente a invasão da Ucrânia, Lula confirmou que o Brasil continua comprando petróleo da Rússia. Ele nega que isso financie Moscou, argumentando que é uma necessidade econômica e que outros países, como China, Índia, Reino Unido e EUA, também o fazem.
  • Impactos ambientais da guerra: A invasão russa gerou mais de 1.500 incidentes documentados de danos ecológicos, incluindo poluição de água, destruição de ecossistemas, incêndios florestais e riscos nucleares. Ao manter comércio energético com a Rússia, críticos argumentam que o Brasil contribui indiretamente para sustentar um conflito com consequências ambientais severas.
  • Corrida armamentista: Lula critica o aumento dos gastos militares globais, mas o comércio com um país em guerra — especialmente em setores estratégicos como energia — é visto por opositores como contraditório com esse discurso.

💡 Como isso é interpretado:

  • Visão crítica: Para alguns, há um claro “gap” entre a retórica civil e pacifista e a prática geopolítica, que pode ser lida como pragmatismo econômico ou como cumplicidade indireta — daí a acusação de “maquiavélico na prática”.
  • Visão defensiva: Para outros, trata-se de realpolitik: manter relações comerciais diversificadas para proteger interesses nacionais, mesmo em contextos de guerra, não significaria endossar o conflito.

Atualmente, nem o Reino Unido nem os Estados Unidos importam petróleo bruto russo de forma direta e legal — pelo menos não desde as sanções impostas após a invasão da Ucrânia em 2022.

📌 Situação resumida:

  • Estados Unidos:
    • Baniram oficialmente as importações diretas de petróleo, gás e carvão russos em março de 2022.
    • Desde então, não há registro de compras diretas, mas analistas apontam que parte do petróleo russo pode chegar indiretamente via produtos refinados de outros países (por exemplo, Índia ou Turquia), o que é mais difícil de rastrear.
  • Reino Unido:
    • Também proibiu as importações diretas de petróleo e derivados russos a partir de dezembro de 2022.
    • Assim como no caso dos EUA, há suspeitas de entrada indireta via intermediários, mas oficialmente Londres mantém o embargo e até pressiona o G7 para reduzir ainda mais o teto de preço do petróleo russo.

💡 Ou seja: oficialmente, não compram — mas no mercado global de energia, o petróleo pode “mudar de bandeira” ao ser refinado ou misturado em outros países, o que mantém aberta a discussão sobre importações indiretas.

Como o petróleo russo serve a financiar a guerra na Ucrânia, circula pelo mundo apesar das sanções?

Apesar das sanções ocidentais, vários países continuam a importar petróleo russo — seja bruto ou refinado — em 2025, muitas vezes aproveitando descontos significativos.

🌍 Principais compradores de petróleo bruto russo (junho de 2025)

Posição

País/Bloco

Participação nas exportações russas

Valor mensal aproximado

1️

China

47%

€ 3,5 bilhões

2️

Índia

38%

€ 3,6 bilhões

3️

União Europeia (restante)

6%

4️

Turquia

6%

€ 2,3 bilhões

Observação: dentro da UE, Hungria e Eslováquia continuam a receber petróleo russo pelo oleoduto Druzhba, com forte dependência — 86% no caso húngaro e quase 100% no eslovaco.


Principais compradores de derivados de petróleo (diesel, óleo combustível)

Posição

País

Participação nas importações globais de derivados russos

1️

Turquia

26%

2️

China

13%

3️

Brasil

12% (€ 443 milhões em junho)


📌 Outros pontos relevantes

  • Japão ainda importa petróleo russo, resistindo à pressão dos EUA para adotar tarifas adicionais.
  • Parte do petróleo russo entra indiretamente em mercados que o sancionaram (como EUA e Reino Unido) via refinarias de países intermediários, o que dificulta o rastreamento.
  • A Rússia mantém-se entre os maiores exportadores mundiais, apesar da queda nas vendas para a Europa Ocidental.

Se quiser, posso preparar para você um mapa geopolítico das rotas e intermediários que mantêm o petróleo russo no mercado global, o que ajudaria a visualizar como ele continua a financiar Moscou mesmo sob sanções?

O petróleo e o gás são o pulmão financeiro da máquina de guerra russa — e, apesar das sanções, continuam a gerar receitas bilionárias para Moscou.


💰 Como financia a guerra

  • Peso no orçamento russo: Petróleo e gás representam quase 1/3 da receita estatal e mais de 60% das exportações da Rússia.
  • Montante arrecadado: Desde fevereiro de 2022, Moscou já recebeu mais de € 883 bilhões com combustíveis fósseis, sendo € 228 bilhões de países que, paradoxalmente, impuseram sanções.
  • Uso direto: Essa receita sustenta gastos militares, compra de armamentos, manutenção de tropas e compensação por perdas econômicas internas.

🌍 Como circula apesar das sanções

  1. Redirecionamento para novos mercados
    • Após o embargo europeu e norte-americano, a Rússia aumentou massivamente as vendas para China e Índia.
    • Só para a Índia, as exportações cresceram 13 vezes em relação ao pré-guerra.
  2. Refino e reexportação
    • Parte do petróleo bruto russo é refinado na Índia e depois vendido como derivados (diesel, gasolina) para países que sancionaram Moscou, incluindo EUA.
    • Produtos refinados não estão sujeitos às mesmas restrições que o petróleo bruto.
  3. Oleodutos ainda ativos
    • Hungria e Eslováquia continuam recebendo petróleo pelo oleoduto Druzhba.
    • O gás russo segue chegando à Europa via Turquia, com aumento de 26,7% no início de 2025.
  4. “Frota sombra”
    • Rede de navios-tanque operados por empresas fora do Ocidente, usados para transferências navio-a-navio em alto-mar, trocando bandeiras e ocultando origem/destino.
    • Mais de 183 embarcações já foram alvo de sanções dos EUA.
  5. Intermediários e triangulação
    • Países como Turquia, Emirados Árabes Unidos e Singapura funcionam como hubs de reexportação.
    • Mistura de cargas em portos e zonas francas dificulta rastreamento.

📌 Consequência

Mesmo com restrições, o petróleo russo continua a fluir e a financiar a guerra, porque:

  • alta demanda global por energia.
  • As sanções têm lacunas legais (produtos refinados, transporte indireto).
  • Alguns países priorizam vantagens econômicas sobre alinhamento político.

Tabela comparativa entre o discurso oficial de Lula sobre paz e meio ambiente e as ações concretas de sua política externa, incluindo o caso do petróleo russo, para evidenciar essas contradições e permitir uma análise ética e geopolítica mais robusta.

Comparativo entre discurso e prática na política externa de Lula

Abaixo está uma visão estruturada do descompasso (ou coerência) entre o que Lula afirma sobre paz e meio ambiente e algumas ações concretas do governo brasileiro, incluindo a questão do petróleo russo. A ideia é oferecer base para uma análise ética e geopolítica consistente.


Tabela de contraste: discurso x ações

Tema

Discurso oficial

Ações/políticas relevantes

Avaliação de tensão

Implicações éticas e geopolíticas

Paz e resolução de conflitos

Defesa do diálogo, cessar-fogo, multilateralismo e reforma da governança global; crítica à escalada militar e à lógica de guerra.

Postura de “neutralidade ativa” no conflito Rússia–Ucrânia; recusa de enviar armas ou munições; propostas de mediação; críticas a sanções amplas.

Média

Neutralidade evita beligerância direta, mas pode ser percebida como complacência com agressor; preserva autonomia diplomática, mas cobra custo reputacional com aliados ocidentais.

Guerra na Ucrânia e energia russa

Condenação de mortes civis e apelo à negociação; retórica pró-paz.

Manutenção e aumento de importações de derivados de petróleo russos por empresas privadas; continuidade do comércio de fertilizantes com a Rússia; defesa do interesse econômico.

Alta

Receitas energéticas russas ajudam a financiar a guerra; cria contradição entre discurso pacifista e prática comercial; reforça imagem de realpolitik.

Sanções e ordem internacional

Crítica a sanções que penalizam populações e desorganizam cadeias; defesa de soluções via ONU/G20/BRICS.

Não adesão a sanções unilaterais; engajamento com BRICS incluindo Rússia; apoio a debates sobre reforma do Conselho de Segurança e arquitetura financeira.

Baixa a média

Coerente com a crítica a sanções, mas tensiona com expectativas de alinhamento “pro-democracia” no Ocidente; reforça multipolaridade com custos diplomáticos.

Clima e biodiversidade

Compromisso com Acordo de Paris, proteção da Amazônia, transição justa; meta de desmatamento zero até 2030; liderança no Sul Global.

Queda do desmatamento na Amazônia; reativação de fiscalização ambiental; ao mesmo tempo, estímulo a leilões/expansão de petróleo (Margem Equatorial) e uso de fósseis no curto prazo.

Média

Avanços reais em florestas contrastam com ambiguidade fóssil; credibilidade climática depende de plano robusto de transição e limites a novas fronteiras de petróleo.

Gastos militares globais

Crítica à corrida armamentista; redirecionar recursos para desenvolvimento e combate à fome.

Cooperação em defesa limitada; recusa de transferir armamentos a zonas de guerra; manutenção de programas nacionais de defesa sem escalada regional.

Baixa

Coerente no plano regional; porém, comércio energético com país em guerra contradiz a crítica macro à militarização via financiamento indireto.

Papel do Brasil no multilateralismo

Brasil como mediador e voz do Sul Global; reforma das instituições; paz como base do desenvolvimento.

Atuação ativa em G20, BRICS e ONU; defesa de cessar-fogo em conflitos; aproximação com múltiplos polos, inclusive os em conflito.

Baixa

Coerência estratégica: busca protagonismo mediador. Tensão reaparece quando comércio contradiz mensagem de “paz com coerência econômica”.

Observação: a importação de derivados russos tem sido majoritariamente conduzida por importadores privados, aproveitando descontos; ainda assim, o efeito macro é apoiar receitas fiscais russas, o que alimenta o esforço de guerra. Políticas de governo podem restringir, desincentivar ou taxar esse fluxo, caso haja decisão política.


Notas contextuais que ajudam a interpretar

  • Estrutura do mercado de energia: Petróleo é fungível; mesmo com controles, fluxos se redirecionam via intermediários. Isso cria “áreas cinzentas” entre discurso e prática, especialmente quando o governo não impõe restrições mais duras às importações privadas.
  • Neutralidade ativa vs. cumplicidade indireta: Negar armas a um lado e manter comércio estratégico com o outro produz a percepção de “equilíbrio”, mas o balanço real depende de quanto esse comércio impacta receitas de guerra.
  • Clima e transição: É possível reduzir desmatamento e ainda assim expandir exploração fóssil no curto prazo; porém, a coerência climática exige cronograma claro de redução de novas fronteiras de petróleo e aceleração de renováveis.

Pistas para uma análise ética e geopolítica

  • Critério de coerência mínima:
    • Paz: discurso de mediação + medidas para não ampliar capacidades de guerra de nenhum lado + restrições a fluxos que claramente financiam guerra.
    • Clima: metas ambiciosas + freio a novas fronteiras fósseis + financiamento robusto da transição.
  • Teste de impacto material:
    • Pergunta-chave: a política comercial brasileira reduz, mantém ou aumenta, na margem, a capacidade de financiamento de guerra por parte da Rússia?
    • Se aumenta: há contradição com o discurso; se reduz/compensa com outras ações (ex.: fundo para reconstrução e despoluição na Ucrânia), a narrativa pode ser reequilibrada.
  • Transparência e governança:
    • Medidas possíveis: rastreabilidade de origem do diesel; sobretaxa ou limites temporários a derivados russos; metas de substituição por renováveis; diplomacia pública explicando critérios de neutralidade responsável.

Sugestões para o seu ebook

  • Quadro-resumo normativo: defina critérios objetivos de “neutralidade responsável” (ex.: não financiar guerra, mesmo indiretamente) e aplique ao caso Brasil–Rússia.
  • Linha do tempo dual: uma linha com discursos-chave de Lula (ONU, G20, BRICS) e outra com marcos comerciais/energéticos (importações, leilões de petróleo, metas de desmatamento).
  • Matriz de coerência: pontue cada política de −2 (contradição grave) a +2 (forte coerência) em paz e clima; explicite trade-offs e recomendações.

Se quiser, monto uma linha do tempo com eventos e dados consolidados e uma matriz de coerência pronta para inserção no seu capítulo.

Comparativo entre discurso e prática na política externa de Lula

Esta tabela contrasta o discurso oficial de Lula sobre paz e meio ambiente com ações concretas do governo, incluindo o caso do petróleo russo. A intenção é apoiar uma avaliação ética e geopolítica clara, sem reduções simplistas.


Tabela de contraste

Tema

Discurso oficial (exemplos)

Ações concretas (exemplos verificáveis)

Grau de coerência

Observações éticas e geopolíticas

Paz e mediação de conflitos

Defesa de cessar-fogo, diálogo e multilateralismo; crítica à solução militar e à escalada.

“Neutralidade ativa” na guerra da Ucrânia; recusa de enviar armas; oferta de mediação; apelos públicos por solução negociada.

Média

Preserva margem de mediador e autonomia diplomática; pode soar equidistante diante de agressão identificada.

Guerra na Ucrânia e comércio energético com a Rússia

Condenação de vítimas civis e defesa de negociações.

Continuidade de importações privadas de derivados de petróleo russos com desconto; manutenção do comércio de fertilizantes; ausência de sanções unilaterais.

Baixa

Fluxos energéticos fortalecem receitas de guerra, gerando contradição entre retórica pacifista e prática comercial.

Sanções e ordem internacional

Crítica a sanções que punem sociedades; defesa de soluções via ONU/G20/BRICS e reforma do sistema.

Não adesão a sanções ocidentais; engajamento com BRICS (incluindo Rússia); atuação por reformas institucionais.

Média

Coerente com uma visão anti-sanções; tensiona alianças com países que exigem alinhamento mais duro.

Clima, Amazônia e transição energética

Compromisso com Acordo de Paris; desmatamento zero; liderança do Sul Global em clima.

Queda do desmatamento e reforço da fiscalização; em paralelo, leilões e planos de expansão de petróleo (p.ex., Margem Equatorial) e uso de fósseis no curto prazo.

Média

Avanço florestal real, mas ambiguidade fóssil pressiona credibilidade climática e metas de transição.

Defesa e corrida armamentista

Crítica a gastos militares globais; foco em desenvolvimento e combate à fome.

Manutenção de programas nacionais de defesa sem escalada regional; recusa de transferências letais para zonas de guerra.

Alta

Coerência regional; porém, o comércio energético com país em guerra fragiliza a mensagem global.

Protagonismo multilateral (ONU/G20/BRICS)

Brasil como mediador e voz do Sul Global; reforma da governança global.

Atuação ativa em cúpulas; propostas de reforma; construção de coalizões diversas, incluindo polos em conflito.

Alta

Estratégia consistente de busca de voz global; percepção pública depende da coerência econômica subjacente.


Pontos de atenção metodológica

  • Âmbito do governo vs. setor privado: Importações de diesel russo são majoritariamente privadas; ainda assim, políticas públicas podem restringir, desincentivar ou taxar esses fluxos.
  • Fungibilidade do petróleo: Mesmo com embargos, o petróleo pode ser refinado em terceiros países e reexportado, tornando a coerência dependente de rastreabilidade e critérios de compra.
  • Temporalidade das métricas: Desmatamento e balanço energético respondem a políticas com defasagens; julgamentos devem considerar séries temporais e não apenas pontos isolados.

Recomendações para aumentar a coerência

  • Neutralidade responsável: Vincular a neutralidade diplomática a critérios materiais, como evitar compras que aumentem receitas de guerra e ampliar transparência de origem de combustíveis.
  • Sinal climático crível: Limitar novas fronteiras de petróleo, publicar cronograma de substituição de diesel importado por renováveis e eletrificação de frotas.
  • Governança e transparência: Criar relatórios públicos trimestrais sobre origem de derivados, metas de redução e instrumentos fiscais de desincentivo a fluxos controversos.
  • Diplomacia compensatória: Equilibrar a realpolitik com iniciativas de reconstrução e despoluição em zonas de guerra, financiadas por receitas de instrumentos de desincentivo.
  • Matriz de coerência: Atribuir pontuações de −2 (contradição grave) a +2 (forte coerência) por eixo (paz, clima, multilateralismo) e justificar com um parágrafo por célula. Quer que eu entregue esta tabela em versão “pronta para publicação”, com notas de rodapé e referências diretas a falas oficiais e dados comerciais específicos?

Matriz de coerência: discurso x prática no governo Lula

Atribuo pontuações de −2 (contradição grave) a +2 (forte coerência) para três eixos — paz, clima e multilateralismo — e justifico cada célula com um parágrafo.


Tabela de pontuações

Eixo

Discurso

Ações

Pontuação

Paz

+2

−1

0

Clima

+1

0

0

Multilateralismo

+2

+1

+2

Nota: “Discurso” avalia a consistência e clareza das posições públicas; “Ações” avalia medidas efetivas e seus efeitos materiais; “Pontuação” é o balanço final de coerência entre ambos no eixo.


Justificativas por célula

Paz — Discurso (+2)

Lula tem sustentado de forma consistente a primazia do diálogo, do cessar-fogo e do multilateralismo para resolver conflitos, criticando a lógica de vitória militar e a escalada armamentista. Defende reforma da governança global para fortalecer a paz e frequentemente vincula desenvolvimento, combate à fome e clima à necessidade de paz duradoura. A posição é clara, reiterada em tribunas como ONU, G20 e BRICS, com foco em mediação e Direito Internacional.

Paz — Ações (−1)

Na prática, o Brasil adotou “neutralidade ativa”: não envia armas a zonas de guerra, oferece mediação e critica sanções amplas. Contudo, manteve e ampliou importações privadas de derivados de petróleo e fertilizantes russos com desconto, o que, na margem, ajuda receitas estatais de um beligerante. Essa combinação preserva a autonomia diplomática, mas introduz um descompasso entre retórica de paz e impactos econômicos concretos.

Paz — Pontuação (0)

O discurso pró-paz é forte e consistente, mas os fluxos energéticos com a Rússia criam uma contradição material que dilui a coerência. O saldo neutro reflete a tensão entre uma postura ética declarada e escolhas de realpolitik que, embora legais, fragilizam a pretensão de neutralidade responsável.


Clima — Discurso (+1)

O governo reafirma compromissos com o Acordo de Paris, desmatamento zero até 2030 e liderança climática do Sul Global, articulando clima com justiça social. O tom é ambicioso e recupera credibilidade ambiental do Brasil, com ênfase em proteção da Amazônia e transição justa.

Clima — Ações (0)

Houve queda significativa do desmatamento e reativação de fiscalização, além de reengajamento internacional em clima. Em paralelo, o Brasil manteve leilões e planos de expansão petrolífera (como a Margem Equatorial) e a dependência de fósseis no curto prazo, sem um cronograma público e vinculante de substituição de diesel importado por renováveis. O resultado é um “avanço com ambiguidade”.

Clima — Pontuação (0)

Os ganhos florestais e diplomáticos são relevantes, mas a expansão fóssil e a falta de metas operacionais para reduzir a pegada de combustíveis importados neutralizam a coerência. O saldo é de equilíbrio instável: promissor no uso da terra, hesitante na transição energética.


Multilateralismo — Discurso (+2)

A narrativa posiciona o Brasil como mediador e voz do Sul Global, pedindo reforma do Conselho de Segurança e da arquitetura financeira, defesa do Direito Internacional e fortalecimento de ONU, G20 e BRICS. O discurso é consistente, propositivo e orientado à cooperação.

Multilateralismo — Ações (+1)

O governo atua ativamente em G20, BRICS e ONU, lança propostas de reforma e busca coalizões amplas, inclusive com polos em conflito. Evita alinhamentos automáticos e privilegia mediação. Contudo, a manutenção de laços energéticos com a Rússia gera ruído com parceiros que esperam alinhamento mais duro, limitando ganhos diplomáticos plenos.

Multilateralismo — Pontuação (+2)

Apesar de fricções, o Brasil consolidou papel de articulador multipolar com iniciativas concretas e presença qualificada em fóruns centrais. A coerência entre ambição discursiva e prática diplomática é alta; os custos reputacionais do comércio energético são reais, mas não anulam o resultado estratégico.


Recomendações sintéticas para elevar a coerência

  • Paz: estabelecer critérios de “neutralidade responsável” (rastreamento de origem, sobretaxas/limites a combustíveis de países em guerra, transparência trimestral de fluxos).
  • Clima: publicar um cronograma vinculante de substituição de diesel importado por biodiesel avançado, biometano e eletrificação pesada; condicionar novos projetos fósseis a metas de emissões setoriais.
  • Multilateralismo: acoplar propostas de reforma global a compromissos domésticos mensuráveis (clima, transparência energética), reduzindo o gap entre liderança moral e práticas econômicas.

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