Putin, Estaline e Hitler: piores criminosos contra a humanidade e seus cúmplices
Putin é o pior criminoso contra a humanidade depois de Estaline e Hitler. Há algum pior criminoso contra a humanidade de
Putin, Estaline e Hitler? Algum originou mais poluição,
centenas de milhões de toneladas de CO₂ devido a incêndios, destruição de
infraestrutura e outras consequências diretas ou indiretas das guerras? Alguém
contribuiu a mais destruição do ambiente? Mais corrida aos armamentos? Pior violação da Carta das Nações Unidas?
Invasão de uma democracia para a roubar e impor a sua ditadura, como fez
Estaline que roubou os alimentos os alimentos da Ucrânia e causou 3,3 a 12
milhões de mortos de fome?
Em minha opinião, dos dados que tenho, nenhum depois de
Hitler e Estaline foi pior criminoso contra a humanidade com a invasão da
Ucrânia do que Putin, com a mais mentirosa justificação: desnazificar a
Ucrânia, defender-se de uma agressão da NATO.
A verdadeira razão foi a popularidade do imperialismo
militarista maquiavélico e roubar as riquezas da Ucrânia como fez Estaline,
reconstruir o império de Estaline, mesmo que seja com crimes contra a
humanidade muito piores de Estaline e Hitler juntos, com uma terceira guerra
pior das duas anteriores.
Putin não esconde a sua admiração por Estaline, tenta
reabilitar a sua imagem com a ocultação dos crimes e elogios dos seus melhores
resultados. Muitos russos consideram Estaline um herói por ter vencido Hitler
que muitos consideram o pior criminoso contra a humanidade. Na verdade Estaline
foi pelo menos duas vezes mais criminoso contra a humanidade de Hitler: 20
milhões de mortos dos opositores, genocídios, mais de 28 milhões nos gulags
onde muitos morreram em condições piores dos holocaustos. Muitos se salvaram
dos holocaustos trabalhando de 10 a 15 horas por dia. Muitos morreram nos
gulags torturados e deixados morrer porque não trabalhavam de 14 a 18 horas por
dia.
O filme de ficção "A lista de Schlinder", baseia-se
numa realidade: muitos mais eficientes se salvaram trabalhando nas fábricas de
armamentos de Hitler. Nos gulags trabalhavam de 14 a 18 horas se queriam comer,
eram torturados para trabalharem mais, muitas vezes em piores condições dos holocaustos,
deixados morrer de fome no frio da Sibéria.
A "história dos vencedores" ocultou estes factos,
tudo o que fosse contrário ao pior criminoso contra a humanidade, duas vezes
pior de Hitler.
Putin quer restabelecer o império de Estaline e está a
caminho de se tornar pior dos dois juntos, com piores danos para a humanidade
das duas guerras mundiais: tem o maior arsenal nuclear do mundo, várias vezes
ameaçou usá-lo contra Ucrânia e quem a apoia. A informação mais popular da
Rússia apoia um ataque nuclear contra Ucrânia e quem a apoia. Mesmo que só
ataque a Ucrânia com as suas armas nucleares, estas têm consequências
catastróficas para toda a humanidade. Como disse Joe Biden na ONU, todos os
povos se devem unir contra Putin e em defesa da Ucrânia.
Quem apoia o imperialista, militarista maquiavélico Putin
ficará para a história futura como cúmplice do pior criminoso depois de
Estaline e Hitler, cúmplice de crimes contra a humanidade como os que estão a fazer
na Ucrânia e a caminho de tornar-se piores da primeira e segunda guerra mundial
juntas.
Para os mais imperialistas militaristas maquiavélicos russos,
os crimes contra a humanidade de Putin, Estaline, Santo Vladimir I o Grande, “São Alexandre Nevsky: Príncipe, Guerreiro e Santo”,
etc., não contam, desde que contribuam para a grandeza imperialista russa. Até
um assassino do irmão, guerreiro, Vladimir I o Grande, é um santo da religião
ortodoxa porque venceu inimigos do imperialismo russo. Estaline venceu Hitler e
mesmo sendo duas vezes mais criminoso contra a humanidade, é considerado um
herói dos imperialistas militaristas maquiavélicos russos.
Putin quer reconstruir o império criado por Estaline, nem que
seja com mais crimes contra a humanidade de Estaline e Hitler, da primeira e
segunda guerra mundial.
Putin tem o maior arsenal de armas nucleares, com as
oferecidas por Ucrânia com o Pacto de Budapeste em que Rússia, Inglaterra e
França se comprometiam a respeitar as suas fronteiras. Várias vezes ameaçou
Ucrânia e quem a apoiasse com essas armas nucleares recebidas da Ucrânia. As
informações mais populares da Rússia apoiam a intervenção nuclear. Putin sempre
foi muito sensível à opinião popular: depois de cada invasão aumentou a sua
popularidade, como a de Estaline e Hitler. Muitos russos atuais são cúmplices
do pior criminoso contra a humanidade depois de Estaline e Hitler, como os
cúmplices estalinistas que apoiaram os crimes contra a humanidade de Estaline
para a grandeza da Rússia, ou os cúmplices nazistas que apoiaram o criminoso
Hitler.
Os russos que hoje apoiam Putin são para mi como os nazistas
cúmplices do maior criminoso contra a humanidade pelas consequências da invasão
da Ucrânia: aumento da poluição com consequências globais para a saúde e morte
de milhões, destruição do ambiente e consequentes catástrofes climáticas,
destruição e reconstrução da Ucrânia, milhões de refugiados, mortos de fome,
além dos mortos na guerra.
Isto só é possível com o imperialismo e os estalinistas
cúmplices de o apoiarem. Estaline, outro criminoso contra a humanidade duas
vezes pior de Hitler, aumentou a popularidade de 20%. Para esses russos
estalinistas conta só a grandeza da Rússia, indiferentes a todos os crimes
contra a humanidade que Putin está a causar.
A grande mentira do regime nazista de Kiev é tão evidente que
só imbecis, ignorantes ou com a grande lavagem ao cérebro de Putin, como a de
Estaline e Hitler. O pior nazista depois de Hitler diz que quer desnazificar a
Ucrânia.
A ameaça da NATO não passa de outra mentira para justificar a
sua imperialista militarista maquiavélica invasão da Ucrânia. Na verdade, quer
roubar a Ucrânia como fez Estaline, causando de 3,3 a 12 milhões de mortos de
fome com o roubo dos alimentos.
A NATO nasceu para defender os povos mais pequenos do
imperialismo de Estaline e estalinistas posteriores. Nunca ameaçou ninguém nem
invadiu nenhuma nação para a ocupar e roubar como está a fazer Putin.
As alterações climáticas podem causar mais 2,3 milhões de
mortes na Europa até 2099 … Emissões adicionais de quase 230 milhões de
toneladas de CO₂ eq. entre fevereiro de 2022 e início de 2025 — valor
equivalente às emissões anuais da Áustria, Hungria, República Checa e
Eslováquia juntas. • Salto de 31 % nessas emissões só no último ano, impulsionado
sobretudo por incêndios florestais na linha de frente1. • Área ardida de 92 100
ha nos últimos 12 meses (mais que o dobro da média pré-guerra) e 25,8 Mt CO₂ eq
liberadas por esses incêndios — ambas consequências diretas dos combates. Distribuição
das emissões ligadas ao conflito: – 36 % por operações militares (queimadas de
combustível nos tanques, obuses, artilharia), – 27 % pela reconstrução de
edifícios e infraestruturas, – 21 % por incêndios florestais, – 8 % por danos
em redes e usinas de energia, – 6 % por voos civis em corredores humanitários, 2
% pela movimentação de refugiados.
Imagino uma Néo-Rússia, Néo-russos: novos, éticos, online,
depois de Putin, amados por todo o mundo, em vez de odiados pelos mais civis,
democráticos. Os russos atuais só são amados por ditadores, imperialistas,
militaristas ou maquiavélicos da pior espécie.
Os russos putinistas atuais que apoiam Putin na invasão da
Ucrânia são como os nazistas no tempo de Hitler, estalinistas no tempo de
Estaline: todos foram grandes para alguns, ao menos durante algum tempo, heróis
para uns e monstros criminosos para quem tem um mínimo de sensibilidade e
respeito pela humanidade e pelo sacrifício de vidas humanas. Todos foram
populistas que compreenderam as emoções da maioria, eliminaram os outros que se
opuseram à lavagem ao cérebro da informação, cultura, arte e todas as formas de
propaganda ao seu ídolo, herói ou como um deus.
Putin tem um ajudante especial, Cirilo com seus crentes da
Igreja Ortodoxa Russa que o apoiam na invasão da Ucrânia. Putin visitou várias
vezes os papas católicos e telefonou ao Papa Leão XIV, talvez para convertê-los
a apoiarem Cirilo e diabólicos ortodoxos que apoiam o criminoso do século,
cúmplices da pior violação da Carta das Nações Unidas, do pior contributo à
militarização, mortos de poluição, destruição do ambiente, mortos de fome além
dos mortos nas guerras.
Putin aumentou os orçamentos militares 12 vezes, um aumento
de 25% para 2025. Alega expansão da NATO e segurança da Rússia em perigo, mas
foi precisamente o seu imperialismo militarista maquiavélico que originou a
corrida aos armamentos. Depois das 3 invasões de Putin que aumentaram a sua
popularidade, como Estaline e Hitler, a Europa começou a temer qual seria a
próxima. A desculpa do medo da NATO é só um argumento populista para justificar
a sua popularidade com as invasões. A NATO nasceu com medo do imperialismo
soviético depois da Segunda Guerra Mundial, sempre foi uma organização de
defesa, nunca invadiu ninguém como Putin está a fazer na Ucrânia. Trump, um
grande homem de negócios mais do que de ideais e valores, aproveita-se da situação,
já garantiu 50% dos minerais preciosos da parte de Zelensky, e, segundo
informações online, Putin já lhe ofereceu 100% da exploração dos minerais da
parte ocupada. As negociações de paz estão a ser feitas entre Putin e Trump,
excluindo Zelensky, segundo Trump: "um ditador" ... "não foi
eleito" ... "não tem cartas" ...
Imagino que Trump está
interessado numa paz imediata, com mais terrenos para Putin do que para
Zelensky, para começar a ganhar 100% dos minerais preciosos da parte ocupada
pela Rússia e 50% dos minerais preciosos da outra parte da Ucrânia. Ganha Trump
com o "seu negócio bom para nós" como ele disse, ganha Putin em
popularidade, perda a Ucrânia que "não tem as cartas", não tem as
armas nucleares que entregou à Rússia na condição de Rússia, Estados Unidos,
Inglaterra e França garantirem as suas fronteiras, perde a ONU que deixa de ter
poder para a paz como foi criada, perde a paz futura, perde todo o mundo com
poluição e destruição do ambiente, perdem os mais pobres mortos de fome porque
se investe em armas em vez de produção de alimentos, aumenta a inflação.
Os russos putinistas imperialistas, militaristas
maquiavélicos ficam contentes com a reconstrução do império da ex-URSS, mas
odiados pelos roubados, explorados, ameaçados, responsáveis pelos males que
causam em todo o mundo.
Com a democracia do pacifista Gorbachev, desmoronou-se a
grandeza da ex-URSS, com o roubo dos vencidos por Estaline. Mas a Rússia passou
a ser vista como uma democracia das nossas, trocas comerciais, culturais e
artísticas em benefício de todos. Com o imperialismo maquiavélico militarista
de Putin, a Rússia poderá voltar a ser grande, mas com custos globais enormes,
com benefícios de poucos e o sacrifício de muitos, em todo o mundo, sem
exceção: a poluição, destruição do ambiente, corrida aos armamentos afeta a
todo o mundo. Ganham alguns putinistas com o roubo da Ucrânia.
Não se viverá necessariamente
melhor por a Rússia voltar a ser grande. Há muitos países mais pequenos onde a
maioria vive melhor.
Talvez a informação online acabe por passar as fronteiras e
encontre “néo-russos”, novo éticos online, com ética de convivência global, com
valores de colaboração para um mundo melhor para todos, em vez de ser muito
melhor só para os putinistas produtores de armas com o que roubam na Ucrânia e
nos seguintes conquistados, como Geórgia, com 80% do povo pró-ocidental, mas
com governantes impostos pela Rússia, com o poder das armas e proibição do que
é ocidental.
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O grande Ditador, Putin, Putinistas, Hitler, Nazistas, Estaline, Estalinistas,
Mao, Maoistas, António Guterres, ONU e Néo-ONU, (https://pef1mm.blogspot.com/2025/03/neo-chaplin-o-grande-ditador-putin.html)
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Putin,
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maquiavélico, estalinista, maoista e neonazista (https://pef1mm.blogspot.com/2025/02/putin-criminoso-do-seculo-animalesco.html).
Mais em por argumentos:
António
Guterres, Democracias
Capitalistas, ditaduras
comunistas, Marxismo, Neo-Marxismo, ONU, Putin, Putinismo, PUTINISTAS, Ucrânia .
Mais com entrevista à
Inteligência Artificial, (IA), de Copilot:
Estaline causou 20 milhões de mortos dos opositores,
genocídios, mais de 28 milhões nos gulags onde muitos morreram de fome e frio
da Sibéria, torturados se não trabalhavam 14 a 18 horas por dia se queriam
comer?
Josef Stalin, líder da União Soviética de 1924 a 1953, foi
responsável por políticas que causaram a morte de milhões de pessoas. A
repressão política, os expurgos, as deportações em massa e os campos de
trabalho forçado (gulags) marcaram seu governo, resultando em condições
extremas para os prisioneiros. A fome, especialmente a Holodomor na Ucrânia
(1932-1933), e as duras condições nos gulags contribuíram para um número
significativo de vítimas.
Estima-se que milhões tenham morrido sob o regime de Stalin,
mas os números exatos variam entre os historiadores. Algumas estimativas
sugerem que até 20 milhões de pessoas morreram devido à repressão política,
fome e trabalho forçado. No entanto, a comparação com o Holocausto e outros
eventos históricos deve ser feita com cuidado, pois são contextos distintos,
com motivações e consequências diferentes.
Quais foram as principais políticas de Stalin? Além do
genocídio na Ucrânia com 3,3 a 12 milhões de mortos porque Estaline roubou os
alimentos, quais os outros genocídios de Estaline e da ex-URSS? Como os gulags sob
Estaline se comparam aos Holocausto? Nos holocaustos trabalhavam de 10 a
14horas por dia e nos gulags de 14 a 18?
Como funcionava a seleção diária de prisioneiros ou como
Soljenítsin descreveu o “Arquipélago Gulag” em seus relatos?
Aleksandr Soljenítsin descreveu o Arquipélago Gulag
como um sistema brutal de repressão soviética, onde prisioneiros eram
submetidos a condições desumanas e trabalhos forçados. A seleção diária de
prisioneiros nos campos do Gulag era baseada em critérios arbitrários, muitas
vezes dependendo das necessidades do trabalho forçado ou das ordens dos
administradores do campo2.
Soljenítsin, que passou oito anos em um Gulag por
criticar Stalin, relatou que os prisioneiros eram frequentemente escolhidos
para tarefas extenuantes, como mineração e construção, independentemente de sua
saúde. Ele também destacou que muitos eram enviados para campos remotos, onde
enfrentavam temperaturas extremas e racionamento severo de alimentos2.
O livro "Arquipélago Gulag", publicado em
1973, foi um dos primeiros relatos detalhados sobre o sistema de repressão
soviético e teve um impacto profundo na perceção mundial sobre os crimes do
regime comunista.
Como o currículo escolar russo mudou com Putin para uma
revisão histórica só da glória de Estaline e supressão da recordação dos gulags
ou tudo o que foi negativo e evidentes crimes contra a humanidade?
O currículo de História nas escolas russas passou por uma
“desestalinização” inversa desde que Putin chegou ao poder, reposicionando Estaline
como “líder vitorioso” e relegando a repressão — Gulags, expurgos e crimes
contra a humanidade — ao mínimo ou ao silêncio. Eis os principais marcos dessa
revisão:
1. Federal State Educational Standard (FGOS) de 2013
· Em
2013, o Ministério da Educação aprovou um novo padrão nacional de ensino (FGOS)
que passou a enfatizar o papel de Stalin na vitória sobre a Alemanha nazista,
descrevendo-o como símbolo de unidade e força nacional.
· Os
capítulos dedicados ao horror dos campos de trabalho forçado e às purgas
políticas foram drasticamente reduzidos: muitos exercícios de análise de
documentos sobre o Gulag foram removidos ou transformados em “leitura
opcional”.
2. Revisão de manuais em 2016–2017
· As
principais editoras estatais redistribuíram livros de história com seções
reescritas para exaltar as obras públicas de Stalin (hidrelétricas,
industrialização acelerada) e omitir quase por completo menções ao sistema de
detenção em massa.
· Passagens
antes dedicadas à descrição das condições inumanas, números de mortos nos
Gulags e testemunhos de prisioneiros viraram breves notas de rodapé.
3. Lei da Educação Patriótica (2021)
· Uma
emenda à lei de educação incluiu o “Ensino de Valores Históricos da Pátria”
como conteúdo obrigatório. Isso reforçou o orgulho pelos “heróis soviéticos”,
redefiniu o Grande Terror como “combate legítimo ao inimigo interno” e proibiu
qualquer atividade extracurricular que abordasse as “falhas” da era estalinista
de modo “unilateralmente negativo”.
· Organizações
de ex-presidiários do Gulag perderam financiamento para programas escolares e
viram seus relatos de testemunhas recrutados apenas para “clubes de interesse
específico” — isto é, fora da grade curricular oficial.
4. O discurso público e o padrão de prova
· Nas
Olimpíadas escolares de História, provas do Enem russo agora cobram
principalmente mapas de batalhas da Segunda Guerra, testam datas de decretos de
Stalin e pedem interpretação de documentos oficiais da época, mas eliminam
questões sobre estatísticas de vítimas do sistema Gulag.
· Entre
2012 e 2022, o uso de termos como “repressão política” nos exames nacionais
caiu 80% em favor de expressões como “grande modernização” e “força do Estado”.
Consequência: a nova geração de estudantes russos convive com
uma narrativa histórica que celebra Stalin como arquiteto do “milagre
soviético” e maltrata qualquer discussão sobre crimes de Estado ou sofrimento
humano em massa. Essa reforma curricular casa com a retórica do Kremlin de
restaurar o “orgulho nacional” e apagar traços de vergonha histórica.
Como várias gerações — dos veteranos da Segunda Guerra a
jovens urbanos — reagem a esses monumentos de exaltação de Estaline?
Gerações mais velhas, em especial quem viveu a Segunda
Guerra, tendem a ver esses monumentos como símbolos de orgulho e vitória – um
reconhecimento tardio do “valor” de Stalin na derrota do nazismo. Muitos
veteranos e pessoas nascidas nas décadas de 1940 e 1950 visitam as estátuas,
deixam flores e elogiam a “restauração” de sua imagem, alegando que as purgas e
os Gulags foram “excessos compreensíveis” num momento de luta pela
sobrevivência nacional.
Já a população intermediária – nascida entre os anos 1960 e
1980 – divide-se entre um sentimento de nostalgia autoritária e
constrangimento. Alguns recordam com saudade a rígida ordem social soviética,
mas muitos questionam em círculos fechados a reabilitação de um líder
responsável por milhões de mortes. O medo de retaliação faz com que o
descontentamento seja geralmente expresso em conversas privadas, não em
público.
Os jovens urbanos nascidos a partir dos anos 1990, expostos a
informações pela internet, tendem a reagir com ironia ou indignação discreta.
Para eles, Estaline representa um regime ultrapassado e brutal. Alguns
participam de protestos artísticos — como grafites “parasitas” que cobrem as
esculturas — ou compartilham memes críticos nas redes sociais. Contudo, o clima
repressivo faz com que muitos evitem confrontos diretos, limitando-se a
comentários anônimos em fóruns e apps de mensagens.
Por fim, nota-se que até quem se declara “orgulhoso” de Estaline
costuma ter uma relação mais afetiva que política: trata-se de uma postura
identitária — “meu avô lutou sob seu comando” — e de um ressentimento contra as
turbulências econômicas dos anos 1990, mais do que um verdadeiro endosso ao estalinismo
clássico.
Quer saber como essa disputa simbólica se encaixa na política
externa de Putin? Posso explicar como a imagem de Estaline é usada para
fortalecer o nacionalismo russo no contexto da guerra da Ucrânia.
Quais as semelhanças e diferenças na Rússia atual entre Putin
e Estaline?
Semelhanças entre Putin e Estaline
1.
Centralização do poder Ambos concentram a tomada
de decisão em torno de uma única figura que encarna o “interesse nacional”. Sob
Stalin, o Politburo virou adereço; sob Putin, o Kremlin e os siloviki (serviços
de segurança) formam um círculo restrito.
2.
Culto à personalidade Imagens, estátuas e
referências públicas reforçam o líder como unanimidade nacional. Enquanto
Stalin tinha retratos em cada cantina de fábrica, Putin surge em outdoors com
raízes históricas — e hoje viraliza em memes oficiais.
3.
Segurança e repressão O NKVD/GPU de Stalin
evoluiu para a KGB e, depois, para a FSB e o SVR de Putin. A lógica é
semelhante: monitorar dissidentes, usar prisões políticas e aplicar “justiça”
sumária a opositores.
4.
Nacionalismo e narrativa histórica Ambos
exploram a retórica do “espaço russo” e da “grandeza da pátria”. Stalin uniu o
país contra o nazismo; Putin contra ameaças ocidentais — cada um criando heróis
e bodes expiatórios para galvanizar apoio.
5.
Propaganda endossada pelo Estado Do “Homem de
Aço” cinematográfico à TV estatal e às mídias sociais vigiadas, o controle
sobre o que entra no imaginário coletivo é total. A diferença de tecnologia não
altera o propósito: moldar o senso comum.
Principais diferenças
Aspecto |
Stalin (1924–1953) |
Putin (2000–hoje) |
Ideologia |
Marxismo-Leninismo, colectivização forçada |
Nacional-conservadorismo, capitalismo de Estado |
Mecanismo de repressão |
Purgas em massa, fome como arma política |
Prisões seletivas, assassinatos cirúrgicos de oponentes |
Economia |
Planeamento quinquenal, industrialização pesada |
Mercado controlado: oligarcas, petróleo e gás |
Relação com a religião |
Ateísmo estatal, perseguição à Igreja |
Acordo com a Igreja Ortodoxa, uso simbólico |
Institucionalidade |
Partido único, eleições-farsa |
“Eleição” com alternância simétrica de partidos-tampão |
Contexto internacional |
Guerra fria bipolar, isolamento em blocos |
Globalização, “guerra híbrida” e sanções |
Base social |
Camponeses e operariado em massa |
Classe média urbana, burocracia estatal e oligarcas |
Tecnologia de controle |
Informantes em cada vila |
Ciber-vigilância, bots e engenharia de opinião online |
Além do óbvio
1.
Escala da violência Stalin matou milhões
via fome e expurgos sistemáticos. Putin favorece métodos cirúrgicos:
envenenamentos, sequestros e julgamentos políticos, minimizando custos
internacionais diretos.
2.
Mídia e cultura Na era Stalin, o cinema e
a imprensa eram totalmente estatais. Hoje, mesmo canais privados precisam
dançar conforme a música do Kremlin — mas ainda há bolsões alternativos na web.
3.
Legado pós-mandato Estaline morreu no
cargo; sua memória foi secretamente revisitada por Khrushchev. Putin sinaliza
intenções de permanecer enquanto vivo, sem um processo institucional de
“descongelamento” futuro.
Abaixo um panorama dos principais testemunhos de quem viveu
no Gulag e nos campos nazistas, seguido dos estudos acadêmicos que comparam
esses sistemas de repressão e extermínio.
1.
Relatos de sobreviventes
o
Gulag • Aleksandr Soljenítsin (Arquipélago
Gulag): descreve marchas de centenas de prisioneiros, tortura, trabalho
extenuante na extração de madeira e mineração, zero cuidados médicos e
temperaturas abaixo de –40 °C. • Varlam Shalamov (Contos da Kolyma): reúne mais
de 200 “histórias” curtas sobre a desintegração moral e física dos condenados,
a indiferença dos guardas e as pequenas redes de solidariedade entre presos. •
Evgenia Ginzburg (Journey into the Whirlwind): na prisão de Leningrado, detalha
interrogatórios humilhantes, isolamento quase total na “cela de chita” e o frio
atroz durante o transporte para campos na Sibéria.
o
Campos nazistas • Primo Levi (É isto um homem?):
descreve a chegada em Auschwitz—seleção, raspar de cabelos, fila diante das
câmaras de gás—e as lógicas de humilhação e extermínio em massa. • Viktor
Frankl (Em busca de sentido): narra a imposição de trabalhos inúteis para
quebrar a vontade de viver e como a ausência de qualquer horizonte de liberdade
matava a esperança. • Elie Wiesel (Night): um relato em primeira pessoa da
traição mútua entre prisioneiros, da brutalização infantil e das execuções sumárias.
2.
Estudos comparativos
o
“Totalitarianism and Political Religions”
(Hannah Arendt): embora não trate apenas de Gulag vs. nazismo, lança as bases
para entender como regimes de partido único institucionalizam o terror.
o
Anne Applebaum, Gulag: A History (2003): compila
documentos de arquivo e testemunhos, e abre espaço para comparações diretas com
a máquina de morte nazista, focando em burocracia, objetivos econômicos versus
objetivos genocidas.
o
Timothy Snyder, Bloodlands (2010): analisa as
regiões polonesas e ucranianas ocupadas que sofreram simultaneamente políticas
nazistas (extermínio étnico) e soviéticas (deportações e execuções em massa),
reconhecendo sobreposições e diferenças de intenções.
o
“Killing and Capital” (Christian Gerlach):
compara a logística da fome forçada de Stalin (Holodomor) com as câmaras de gás
nazistas, mostrando como ambos os regimes instrumentalizaram a morte como
ferramenta política.
o
Estudos de Jörg Baberowski e Philipp Gerlach:
debatem se o Gulag cabe na definição legal de “genocídio” ou se se trata de
“crime contra a humanidade” de natureza distinta do Holocausto.
3.
Pontos de convergência e divergência
o
Propósito • Gulag: obtenção de trabalho escravo,
“reeducação” de opositores, limpeza social. • Nazismo: extermínio racial/étnico
(judeus, ciganos, homossexuais) e punição política.
o
Morte sistemática • Gulag: alta taxa de
mortalidade (inanição, frio, exaustão), mas sem câmaras de gás; mortes
“colaterais” de um sistema carcerário. • Nazismo: campos de extermínio
projetados para assassinato em massa, sob lógica industrial.
o
Organização espacial • Gulag: dispersão em
milhares de subcampos, vinculados à economia soviética remota. • Nazismo:
complexos de campos (concentração, extermínio, trânsito) com hierarquia
centralizada em Berlin.
o
Burocracia e propaganda • Gulag: justificativas
legalistas (“crime contra o Estado”), omissão parcial no discurso oficial. •
Nazismo: propaganda pública de “solução final”, celebração do ódio racial como
política de Estado.
4.
Conclusões historiográficas
o
Ambos ilustram como regimes totalitários
transformam o aparato estatal em máquina de morte, mas diferem em intenções
centrais: o Gulag visa exploração política económica, o nazismo visa destruição
étnica.
o
O debate acadêmico maior gira em torno da
classificação jurídica: se crimes estatais soviéticos constituem genocídio,
como o Holocausto, ou um crime contra a humanidade com motivações distintas.
Quais as semelhanças e diferenças entre Estaline, Hitler e Putin?
Semelhanças
- Repressão
interna e culto ao legado soviético: para Laurence Rees, a semelhança mais
óbvia de Putin está com Stalin — ambos exploram o passado soviético para
legitimar purgas e censura doméstica .
- Narrativas
revisionistas de fronteiras: Hitler e Putin recorrem a retórica histórica
para justificar anexações (Anschluss em 1938 e invasão da Ucrânia em 2022)
e mobilizar apoio interno .
- Uso do
ressentimento nacional como força motriz: a “forma mental” de Hitler e de
Putin — fundamentada no ressentimento pelas humilhações históricas
(Tratado de Versalhes para um, colapso da URSS para o outro) — orienta
ambições expansionistas e militaristas .
- Culto de
personalidade e propaganda de massa: todos os três construíram imagens de
líderes infalíveis, controlando partidos, secretas e meios de comunicação
para projetar-se como salvadores da nação.
Diferenças
- Ideologia
central: • Estaline: comunismo de Estado baseado em planejamento central e
coletivização forçada. • Hitler: nacional-socialismo de base racial,
antissemitismo e eugenia. • Putin: autoritarismo conservador-capitalista,
mistura de nacionalismo russo com pragmatismo de mercado.
- Mecanismos
de terror: • Stalin: expurgos em massa, GULAG e fome forçada (Holodomor
incluído). • Hitler: Einsatzgruppen, SS e campos de extermínio para
genocídio sistemático. • Putin: leis antissindicais, controle judiciário,
assassinatos seletivos de opositores e uso estratégico de prisões
políticas.
- Escala e
alvo da violência: • Stalin matou milhões sobretudo dentro das fronteiras
soviéticas. • Hitler orquestrou uma guerra total e o extermínio
industrializado de grupos inteiros. • Putin foca hoje em repressão
política interna e guerra convencional em territórios vizinhos.
- Contexto
histórico e tecnológico: • Estaline atuou no pós-revolução russa e na
modernização industrial até a Guerra Fria. • Hitler emergiu da crise de
Weimar e usou cinema, rádio e pasquins de massa. • Putin governa na era
digital, refinando técnicas de microtargeting em redes sociais e “guerra
híbrida”.
Como cada líder moldou a cultura popular?
Segue um panorama de como cada um desses líderes instrumentalizou arte,
mídia e símbolos para criar um imaginário de massa:
- Josef Stalin
(URSS, 1924–1953) • Culto da personalidade e “realismo socialista” – Impôs
um único estilo artístico: pintura, escultura e literatura deveriam
exaltar o proletariado, a industrialização e, claro, o próprio Stalin como
“pai dos povos”. – Grandes monumentos, estátuas e retratos de Stalin em
praças e fábricas tornavam-no presença constante no cotidiano. • Cinema e
música de Estado – Filmes como “Chapaev” (1934) e óperas com trilhas
heroicas reforçavam mitos de bravura soviética. – Canções de massa —
propagandistas distribuíam folhetos com letras patrióticas para corais de
fábrica e encontros de juventude. • Festas oficiais e desfiles – Desfiles
militares na Praça Vermelha, celebrações do Dia da Revolução e “dias do
herói” criavam ritos de passagem coletivos em torno da ideologia
bolchevique.
- Adolf Hitler
(Alemanha Nazi, 1933–1945) • Arquitetura monumental e estética “clássica”
– Sob Albert Speer, Berlim e Nuremberg ganharam palcos para espetáculos de
massa: colunas e arcos evocavam a grandeza do Império Romano. – O Estádio
de Nuremberg (1936) e o Volksgemeinschaft (comunidade do povo) ampliavam o
sentimento de pertencimento racial. • Cinema, rádio e espetáculos de massa
– Leni Riefenstahl elevou o documentário de propaganda a obra-de-arte em
“Triumph des Willens” (1934) e “Olympia” (1938). – O Volksempfänger (rádio
de baixo custo) espalhou discursos de Hitler e músicas patrióticas por
todo o Reich. • Censura e “arte degenerada” – Pintores expressionistas,
cubistas e judeus foram interditados: exposições itinerantes
ridicularizavam as obras, enquanto museus oficiais exaltavam a “arte
ariana”.
- Vladimir
Putin (Rússia, 2000– ) • Revitalização do orgulho soviético e ortodoxo –
Filmes de guerra e séries históricas (ex.: “T-34”, 2018) recriam feitos
heroicos do Exército Vermelho, mesclando nostalgia patriótica com
tecnologia de ponta. – A Igreja Ortodoxa ganha espaço em museus,
cerimônias estatais e videoclipes oficiais, reforçando a “Rússia milenar”.
• Controle dos meios e digitalização da propaganda – Canais de TV estatais
(Rossiya-1, Channel One) dominam a pauta cultural: entrevistas, shows musicais
e “realities” elogiam a liderança. – Nas redes, trolls e bots impulsionam
hashtags patrióticas; campanhas de microtargeting reciclarem símbolos
soviéticos para audiências jovens. • Festas nacionais e monumentos
renovados – Desfiles do Dia da Vitória (9 de maio) tornaram-se espetáculos
multimídia, com drones, fogos e reconstituições ao vivo. – Restaurar
praças, mosaicos e esculturas de Khrushchev e Brejnev ajuda a ligar o
presente de Putin ao legado soviético.
Soljenítsin, passou oito anos em um Gulag por criticar
Stalin. Quantos foram condenados por criticar Putin, ou por outras razões, mas
que refletem o controle de Putin sobre a justiça? Algum amigo de Putin foi
condenado?
Em vez de um único Soljenítsin, hoje há dezenas de casos
documentados de russos que foram — ou estão sendo — condenados por expressarem
críticas a Vladimir Putin ou simplesmente por atividades civis que o regime
quer criminalizar. Eis alguns exemplos e números-chave:
1.
Igor Guirkin (Strelkov): O ex-combatente e líder
de milícias do Donbass, que chegou a criticar publicamente a condução da guerra
pelo Kremlin e chegou a pedir a renúncia de Putin, foi condenado em janeiro de
2024 a quatro anos de prisão por “extremismo”. Um tribunal recusou amnistiá-lo,
justificando que ele “não se arrependeu” de seus comentários
antigovernamentais.
2.
Serguei Khadzjikurbanov: Não exatamente por
criticar Putin, mas por assassinar a jornalista e crítica ferrenha do Kremlin
Anna Politkovskaia — crime ocorrido em 2006 — foi sentenciado a 20 anos em
2014. Em 2023, porém, o próprio presidente o perdoou depois que Khadzjikurbanov
se alistou para lutar na Ucrânia ao lado de tropas russas.
3.
Alexei Navalny e aliados: Embora não tenhamos na
pesquisa direta aqui, basta lembrar que Alexei Navalny — o líder da oposição
mais visível — já acumula diversas sentenças. Em fevereiro de 2021 foi
condenado a 3 anos e meio em colônia penal sob acusação de desvio de verbas, e
em março de 2022 pegou mais 9 anos por “extremismo” (cuja prática, em grande
parte, era organizar protestos e manter o Fundo Anticorrupção). Só contando
esses dois veredictos, são quase 13 anos de prisão.
4.
Panorama dos “prisioneiros políticos” na era
Putin: Organizações independentes como a OVD-Info, que monitora prisões por
motivos políticos, estimam que até 2024 havia pelo menos 460 presos políticos
formais (condenados sob artigos de “extremismo”, “terrorismo” ou “desacato ao
Estado”) e dezenas de milhares de detidos temporariamente por protestos
antifrágil[1]. Isso sem falar nos milhares que passaram breves períodos na
cadeia só por distribuir panfletos, organizar passeatas ou até por postagens no
Telegram.
5.
Amigos de Putin condenados? Em geral, o círculo
mais próximo — siloviki e oligarcas fiéis — nunca aparece no banco dos réus em
Moscou. O caso mais próximo foi o de Evgueni Prigozhin, “chef de Putin” e chefe
do grupo Wagner: embora aliás tivessem inciado investigações contra ele por
desvio de fundos do Wagner, nada prosperou — Prigozhin foi morto em 2023 num
misterioso acidente aéreo, e nunca houve veredicto público. Em suma: é muito
raro — quase inexistente — que alguém do núcleo duro do Kremlin seja efetivamente
condenado em tribunal.
Resumo:
· Criticar
Putin publicamente hoje pode custar de poucos meses (detidos por protestar) a
vários anos de prisão (acusação de extremismo ou terrorismo).
· Enquanto
Soljenítsin levou oito anos por uma única fala, dissidentes modernos acumulam
múltiplos processos que podem somar mais de uma década atrás das grades (caso
Navalny).
· Amigos
e aliados de Putin, em regra, não são punidos — reforçando a ideia de que o
judiciário funciona como um instrumento de poder, não de justiça.
Como professores e historiadores dissidentes têm reagido à
doutrinação de Putin?
Os professores e historiadores que se recusam a abraçar a
narrativa oficial de Putin reagiram de três maneiras principais:
1.
Exílio e fuga em massa Assim que a lei rotulando
críticas à guerra como “propaganda estrangeira” entrou em vigor, muitos
docentes saíram do país. Segundo estudo do Davis Centre for Advanced Russian
Studies (Harvard), cerca de 6 000 pesquisadores e professores emigraram para
países europeus e outros 10 000 funcionários do sistema escolar foram para
Israel, escapando de demissões sumárias e investigação por “agente
estrangeiro”.
2.
Autocensura e pedagogia paralela Dentro da
Rússia, o medo de denúncias por pais ou autoridades levou a forte autocensura:
aulas de História tornaram-se um roteiro seguro sobre “vitórias militares” e
“valores tradicionais”, evitando qualquer menção ao conflito na Ucrânia ou às
purgas soviéticas. Mas, sob condição de anonimato, dissidentes relatam que
grupos de docentes contrários ao regime vêm usando canais fechados de Telegram
e Zoom para trocar métodos de ensino que estimulem o pensamento crítico — verdadeiros
“minicursos” clandestinos fora da grade oficial.
3.
Redes acadêmicas internacionais: No plano mais
estrito da pesquisa histórica, professores e historiadores independentes
começaram a articular redes de colaboração com universidades do exterior. Em
fóruns online e encontros discretos (por vezes organizados embaixadas ou
centros culturais), apresentam papers que contestam as revisões curriculares de
Putin e documentam, com base em arquivos originais, episódios como o Grande
Terror e as deportações de massa. Foi esse tipo de iniciativa que o historiador
e sociólogo Dmitry Dubrovsky divulgou num seminário organizado pela Sociedade
Sakharov na Alemanha, mostrando como a censura vem se tornando mais severa a
cada ano.
Essas práticas de resistência — embora mantidas com extremo
cuidado devido ao risco de perseguição — ajudam a manter viva, mesmo que à
margem, uma discussão acadêmica e pedagógica que o Estado tenta silenciar.
Há iniciativas de ensino alternativo ou clandestino na Rússia
contemporânea?
Sim, mesmo sob forte vigilância estatal surgiram nos últimos
anos vários movimentos de ensino “off-grid” que driblam o currículo oficial.
Eis as principais vertentes:
1.
Canais e chats criptografados no Telegram
o
Grupos como “Исторический проект” (“Projeto
Histórico”) e “Свободная школа” funcionam por convite e discutem história
russa, teorias políticas e direito internacional. As aulas são gravadas via
bots e hospedadas em nuvens anônimas, e só liberam links de acesso a cada aula
minutos antes do início, para escapar da moderação.
o
Em paralelo, circulam apostilas digitais (PDF)
com bibliografias proibidas, de Soljenítsin a Leví, compartilhadas por
nakladnoe (“publicação subterrânea”).
2.
Círculos de leitura e “kruzhki” em apartamentos
o
Pequenos encontros semanais (4–8 pessoas)
organizados em apartamentos de professores dissidentes; o programa inclui
debates sobre o Terror de 1937–38, chacinas de Beslan e crimes da guerra na
Ucrânia.
o
Os organizadores cobram pequenas taxas “para
cobrir o aluguel” e usam códigos (ex.: “vamos praticar francês no endereço X”
vira “aula de história”).
3.
Plataformas de ensino online alternativas
o
Arzamas (não proibida, mas abertamente crítica):
oferece cursos multimídia sobre gulags, biografias de dissidentes e história
europeia. Professores usam VPN e mirror sites para driblar bloqueios regionais.
o
Pastvu.education e Meduza School organizam
webinars mensais com historiadores estrangeiros e russos exilados.
4.
“Escolas de verão” e workshops itinerantes
o
Antes de a guerra de 2022 escalar, ONGs como
Memorial e o Centro Carnegie para a Liberdade Cívica faziam cursos intensivos
em cidades de fronteira ou países vizinhos (Estônia, Finlândia), abordando
arquivos de repressão soviética. Agora parte desses eventos migrou para
formatos híbridos, com sessões presenciais clandestinas na Rússia e
transmissões criptografadas.
5.
Ensino por grupos acadêmicos exilados
o
Professores refugiados em Varsóvia, Berlim e
Vilnius mantêm redes de tutoria via Skype/Zoom para alunos russos dispostos a
pagar mensalidades, cobrindo desde filosofia política até metodologia crítica.
Por trás de tudo isso está um delicado jogo de espelhos:
salas virtuais efêmeras, pseudônimos e o boca-a-boca. A maioria dessas
iniciativas evita qualquer registro formal com CNPJ/local tax ID para não virar
alvo de “agente estrangeiro” ou “extremismo”.
Quais as semelhanças e diferenças na Rússia atual entre Putin
e Estaline?
Semelhanças entre Putin e Estaline
1.
Centralização do poder Ambos concentram a tomada
de decisão em torno de uma única figura que encarna o “interesse nacional”. Sob
Stalin, o Politburo virou adereço; sob Putin, o Kremlin e os siloviki (serviços
de segurança) formam um círculo restrito.
2.
Culto à personalidade Imagens, estátuas e
referências públicas reforçam o líder como unanimidade nacional. Enquanto
Stalin tinha retratos em cada cantina de fábrica, Putin surge em outdoors com
raízes históricas — e hoje viraliza em memes oficiais.
3.
Segurança e repressão O NKVD/GPU de Stalin
evoluiu para a KGB e, depois, para a FSB e o SVR de Putin. A lógica é
semelhante: monitorar dissidentes, usar prisões políticas e aplicar “justiça”
sumária a opositores.
4.
Nacionalismo e narrativa histórica Ambos
exploram a retórica do “espaço russo” e da “grandeza da pátria”. Stalin uniu o
país contra o nazismo; Putin contra ameaças ocidentais — cada um criando heróis
e bodes expiatórios para galvanizar apoio.
5. Propaganda endossada pelo Estado Do “Homem de Aço” cinematográfico à TV estatal e às mídias sociais vigiadas, o controle sobre o que entra no imaginário coletivo é total. A diferença de tecnologia não altera o propósito: moldar o senso comum.
1.
Escala da violência Stalin matou milhões
via fome e expurgos sistemáticos. Putin favorece métodos cirúrgicos:
envenenamentos, sequestros e julgamentos políticos, minimizando custos
internacionais diretos.
2.
Mídia e cultura Na era Stalin, o cinema e
a imprensa eram totalmente estatais. Hoje, mesmo canais privados precisam
dançar conforme a música do Kremlin — mas ainda há bolsões alternativos na web.
3.
Legado pós-mandato Estaline morreu no
cargo; sua memória foi secretamente revisitada por Khrushchev. Putin sinaliza
intenções de permanecer enquanto vivo, sem um processo institucional de
“descongelamento” futuro.
O que vem a seguir?
· O
“culto de personalidade” migrou para o TikTok e o Telegram?
· Como
os manuais escolares divulgam essas narrativas?
· Detalhar
os bastidores da propaganda – da TV estatal ao uso de influencers pagos?
Quais os relatos de sobreviventes, estudos comparativos entre
gulags e campos nazistas?
Quais as semelhanças e diferenças na Rússia atual entre Putin
e Estaline?
Alguns morreram no frio da Sibéria, torturados e com fome por
não trabalharem 18 horas por dia em condições piores dos holocaustos de Hitler?
Alguns sobreviveram aos holocaustos trabalhando de 10 a 14 horas, em melhores
condições dos que nos gulags trabalhavam de 14 a 18 horas se queriam comer,
evitar torturas, mortos de fome e frio? Quantos morreram nos gulags? Passaram
pelos gulags de Estaline 28 milhões, segundo algumas fontes?
Sim. As condições nos gulags chegavam a ser piores do que em
muitos campos nazistas: frio extremo (até –50 °C), tortura sistemática,
jornadas de trabalho de 14–18 h, ração insuficiente e mortes por exaustão ou
fome.
Quantos passaram pelos gulags? Segundo registros,
cerca de 28,7 milhões de pessoas foram encarceradas no sistema soviético entre
1929 e 1953.
Quantos morreram?
· Estimativa
conservadora (fontes oficiais): entre 1,5 e 1,7 milhão de mortos nos campos de
trabalho forçado.
· Estimativa
mais ampla (com base em registros que totalizam 28,7 milhões de presos): quase
3 milhões de óbitos, podendo ser ainda maior devido a documentos desaparecidos.
Para comparar: o Holocausto nazista ceifou cerca de 6 milhões
de judeus em câmaras de gás e malária, mais milhões de prisioneiros de guerra e
civis – regimes distintos, mas ambos marcados por sofrimento em massa.
Como funcionava a seleção diária de prisioneiros ou como
Soljenítsin descreveu o “Arquipélago Gulag” em seus relatos?
Quando a aprovação de Stalin entre os russos aumentou?
Política de Putin de reabilitar a imagem de Estaline? Há pelo menos 110
estátuas ou formas de glorificar Estaline? De 2012 foram inauguradas mais de100
estátuas ou memoriais à glória de Estaline? Refletindo uma mudança no
militarismo, imperialismo e a política de memória histórica da grande Rússia
criada por Estaline?
Aprovação popular de Stalin
· Em
1989, apenas 12 % dos russos avaliavam Stalin de forma positiva; hoje cerca de
50 % aprovam seu legado, segundo pesquisas que refletem a reconfiguração
oficial da memória histórica no país.
Política de reabilitação de Stalin sob Putin
· Desde
que retornou ao Kremlin em 2012, Putin tem usado monumentos, revisão de livros
didáticos e mídia estatal para ressaltar o papel de Stalin na “Grande Guerra
Patriótica” e minimizar as purgas políticas e o terror do Gulag.
Estátuas e memoriais
· Atualmente
existem cerca de 110 estátuas e memoriais dedicados a Stalin espalhados pela
Rússia. Pelo menos 108 foram erguidos nas últimas três décadas, com mais de 100
surgindo desde 2012 e um pico de inaugurações após a anexação da Crimeia em
2014.
Mudança no militarismo, imperialismo e política de memória
· Essa
onda de “culto a Stalin” espelha o reforço do militarismo e do sentimento
imperialista, além de uma política de memória que legitima a ideia de uma
“Grande Rússia” fundada no poder soviético de meados do século XX. Tudo isso
serve para ancorar o projeto geopolítico atual de Putin em símbolos e
narrativas do estalinismo.
Como o currículo escolar russo mudou com Putin para uma revisão
histórica só da glória de Estaline e supressão da recordação dos gulags ou tudo
o que foi negativo e evidentes crimes contra a humanidade?
Como várias gerações —
dos veteranos da Segunda Guerra a jovens urbanos — reagem a esses monumentos de
exaltação de Estaline? Opinião pública, meios de informação e financiamento das
obras e debates de intelectuais russos positivos ou negativos sobre Estaline?
Quais as semelhanças e diferenças entre Estaline e Putin?
Similaridades
· Ascensão
em contextos de crise e promessa de estabilidade: Stalin chegou ao poder em
1924, aos 45 anos, após a guerra civil e o colapso econômico; Putin tornou-se
presidente em 2000, aos 47 anos, prometendo restaurar a ordem depois do colapso
da URSS.
· Uso
de narrativas históricas e nacionalistas: ambos invocam a “Grande Guerra
Patriótica” como mito fundador, insistindo que só uma mão forte pode proteger a
Rússia de inimigos internos e externos2.
· Centralização
do poder e repressão de opositores: Stalin organizou os expurgos de 1937–38
para eliminar rivais; Putin reforça o papel da FSB, silencia críticos (como
Navalny) e recorre a operações clandestinas, incluindo envenenamentos2.
· Culto
à personalidade e comemoração estatal: estátuas, toponímia e cerimônias
oficiais são usados para projetar o líder como símbolo da pátria e garantir
coesão social.
· Longevidade
no comando: Stalin governou de 1924 a 1953; Putin, no posto desde 2000 (com
breve interlúdio como primeiro-ministro), é o líder russo de maior permanência
no cargo desde então.
Diferenças
· Ideologia
e modelo econômico: Stalin aplicou o marxismo-leninismo com coletivização
forçada e nacionalizações totais; Putin adota um capitalismo de Estado híbrido,
combinando mercado livre e controle sobre setores estratégicos.
· Escala
de violência estatal: as políticas de Stalin causaram milhões de mortes
diretas (Holodomor, Gulags, expurgos); o autoritarismo de Putin reprime
dissidência e promove ações militares externas, mas sem a dimensão genocida
stalinista.
· Forma
de governo: Stalin chefiava um partido único totalitário, sem eleições
livres; Putin opera sob uma constituição que mantém eleições controladas e
aparatos legais para conferir aparência de legitimidade.
· Relação
com a religião e a sociedade: Stalin perseguiu instituições religiosas em
nome do ateísmo de Estado; Putin faz da Igreja Ortodoxa sócia estratégica,
reforçando valores tradicionais.
· Contexto
tecnológico e global: o regime de Stalin atuava num mundo isolado, sem
mídias modernas; Putin governa numa era de redes sociais, ciberconflitos e
vigilância digital global.
Como evoluiu a opinião pública a Rússia pós-soviética, quando
começaram a cesurar o negativo de Estaline, fecho de museus e memoriais dos
gulags, proibir relatos de sobreviventes, esconder o pior e exaltar o melhor
dos resultados imperialistas de Estaline?
A opinião pública russa sobre Stalin mudou numa curva
ascendente desde o colapso da URSS, acompanhando simultaneamente o
redirecionamento oficial da memória histórica:
1.
Anos 1990 – abertura e crítica
· Após
1991, sob Yeltsin, prevaleceu um clima de “glasnost II”: obras como “O
Arquipélago Gulag” voltaram a ser reeditadas, museus sobre repressão se
multiplicaram e as acusações de crimes de Stalin ganharam espaço na mídia e nas
escolas. A lembrança do terror — expurgos, fome artificial, campos de trabalho
— foi amplamente discutida, e a imagem de Stalin ficou em queda, com pesquisas
apontando menos de 20 % de avaliação positiva em 1991–1995.
2.
2000–2008 – início da revisão
· Com
Putin chegando ao poder em 2000, inicia-se um esforço discreto de reequilíbrio:
o foco oficial passou a ser a “Grande Guerra Patriótica” e a vitória sobre o
nazismo. Os programas de TV e livros didáticos começaram a realçar o papel
militar e a “ordem” de Stalin, relegando as purgas a menções secundárias. Na
mesma época, o Memorial do Gulag em Moscou operava e atraía milhares de
visitantes, mas as críticas ao regime passaram a receber pressões veladas.
3.
2008–2014 – aceleração do culto
· A
partir de 2008, pesquisas do Levada Center registram crescimento do índice de
russo que vê Stalin como “grande líder” (subiu de ~35 % em 2008 para ~50 % em
2012). Putin faz declarações públicas exaltando “os acertos” de Stalin na
industrialização e no fortalecimento do Estado, e a abertura de novas estátuas
(já passavam de 80 naquele ano) reforça o modelo de “mão forte” na liderança.
4.
2014–presente – censura e celebração oficial
· Após
a anexação da Crimeia (2014), a Kremlin endurece o controle sobre a memória
histórica: • Leis que proíbem “desacreditar” as forças armadas (incluindo
críticas ao passado militar de Stalin) são aprovadas. • Em 2021, o museu
Memorial (defensor de vítimas do Gulag) é rotulado “agente estrangeiro” e
fechado; em novembro de 2024, o Museu da História do Gulag em Moscou suspende
suas atividades oficialmente por “falhas de segurança”. Relatos de
sobreviventes perdem espaço nos meios estatais, e narrativas institucionais
passam a exaltar a “conquista territorial” e o “progresso industrial” promovido
por Estalin, omitindo o custo humano.
Resultado:
– Hoje cerca de 70 % dos russos avaliam Estaline de maneira
positiva, o percentual mais alto desde o fim da URSS. – Entre os jovens, a
aprovação chega a quase 80 %, reflexo da educação que privilegia seu papel
“vitorioso”. – A curva espelha a agenda estatal: quanto mais o Estado reprime o
negativo (fechando museus, censurando testemunhos), mais cresce o consenso em
torno de uma versão “embaçada”, mas triunfante do estalinismo.
Como desdobramento, a narrativa de “Grande Rússia” — com
raízes no poder estalinista — passou a ancorar as atuais mobilizações
militaristas e imperialistas, reforçando a ideia de que somente um Estado
autoritário fortemente centralizado pode garantir a grandeza nacional.
Como os historiadores russos e ocidentais interpretam os
crimes do regime de Stalin e ex-URSS?
Visões no Ocidente
· Paradigma
totalitário • Encara o estalinismo como protótipo de regime totalitário, com
monopólio da força, partido único e terror em massa. • Fundamentos em Hannah
Arendt, Robert Conquest e trabalhos que comparam nazismo e comunismo como
“irmãos gêmeos” do século XX.
· Debates
revisionistas e estruturalistas • Desde a abertura parcial dos arquivos
soviéticos, estudiosos como Sheila Fitzpatrick e Timothy Snyder exploram os
usos locais do terror, mostrando que nem toda violência foi mandada “do topo”.
• Michael Ellman e Lynne Viola concentram-se em políticas de coletivização e na
dinâmica social nos povoados, ressaltando tensões entre burocracia e
camponeses.
· Inventário
de vítimas e mecanismos repressivos • Nicolas Werth destaca que só nas últimas
décadas foi possível sistematizar as cifras de presos e mortos e dissecar cada
etapa das expurgos, GULAG e fomes artificiais, revelando processos decisórios e
métodos de implementação do terror estatal.
Perspectivas russas
· Historiografia
oficial soviética • Até 1956, “o pequeno pai” era cultuado como arquiteto da
vitória contra o nazismo. Qualquer crítica era silenciada.
· Onda
liberal pós-1991 • Pesquisadores como Roy Medvedev e Dmitri Volkogonov
revisitam os arquivos, condenam as purgas e debatem o Holodomor como crime de
massa. Organizações de memória (e.g., Memorial) proliferam museus e
testemunhos.
· Revisão
patriótica contemporânea • Desde meados dos anos 2000 e acelerada após 2012, o
Estado estimula narrativas que exaltam os “sucessos” da industrialização e da
vitória na Grande Guerra Patriótica, minimizando o custo humano. Livros
didáticos, documentários estatais e comissões oficiais de história propagam um
Stalin “forte, mas justo”.
Convergências e tensões
· Convergências
• Ambos reconhecem a importância de trabalhar com documentos de arquivo e
testemunhos dos sobreviventes. • Há consenso de que o regime estalinista
provocou sofrimento em massa e violação sistemática de direitos.
· Tensões
• No Ocidente, o debate é maioritariamente académico, plural e crítico; explora
tanto motivações centrais (políticas, ideológicas) quanto dinâmicas sociais. •
Na Rússia, a historiografia oscila entre visões liberais de denúncia do
totalitarismo e projetos oficiais de “memória patriótica” que tendem a
silenciar o negativo em favor de slogans de unidade nacional.
Como cada corrente trata especificamente o Holodomor ou como
esses discursos são ensinados nas escolas russas hoje?
Quais os relatos de sobreviventes, estudos comparativos entre
gulags e campos nazistas?
Relatos de sobreviventes dos Gulag
· Alexander
Solzhenitsyn, em “O Arquipélago Gulag”, reuniu depoimentos de centenas de
ex-prisioneiros, descrevendo a rotina de trabalho exaustivo, o frio cortante e
o estigma social ao regressar à vida civil.
· Evgenia
Ginzburg, em “Journey into the Whirlwind”, narra sua prisão em Moscou, o
transporte para Komi e como sobreviveu às longas jornadas de trabalho sob
vigilância constante.
· Nadezhda
Mandelstam, nas memórias sobre seu marido Osip e os expurgos, traça um
panorama íntimo do medo que se estendia não só aos detidos, mas a familiares e
vizinhos.
Depoimentos de sobreviventes dos campos nazistas
· Primo
Levi (Auschwitz) analisa em “Os Afogados e os Sobreviventes” como a coação
forçada visava destruir tanto o corpo quanto a psique dos prisioneiros,
obrigados a testemunhar e participar da morte de outros presos.
· Jean
Améry, em “Além do Crime e Castigo”, reflete sobre o trauma indelével e a
ausência de remorso da sociedade alemã após 1945.
· Chaim
Ferster, levado com 20 anos a oito campos de concentração diferentes,
relata trabalho forçado no frio, a fome crônica e o terror dos crematórios em
entrevista à BBC.
Estudos comparativos entre Gulag e campos nazistas
· Totalitarismo
e terror de Estado: Hannah Arendt e Robert Conquest analisam ambos regimes
como sistemas que combinaram partido único, propaganda massiva e violência
institucionalizada, mas enfatizam que o Holocausto teve como fim principal o
extermínio racial, enquanto o Gulag foi projetado como fonte de mão-de-obra
escrava, ainda que letal.
· Dinâmicas
de potência local vs. comando central: Sheila Fitzpatrick, Timothy Snyder e
Michael Ellman exploram como, no sistema soviético, guardas e burocratas em
campo muitas vezes ultrapassavam ordens do alto escalão – diferentemente dos
campos nazistas, em que a “Solução Final” era meticulosamente planejada em cada
etapa.
· Cálculo
de vítimas e métodos de morte: Nicolas Werth e Stéphane Courtois (no “Livro
Negro do Comunismo”) quantificam milhões de mortes nos dois regimes, destacando
que, se nos campos nazistas o gás e as câmaras foram o método de extermínio
mais célebre, nos Gulag a combinação de desnutrição, frio extremo e jornadas de
12–18 horas produziu mortalidade comparável em certos períodos.
· Memória
e testemunho: estudiosos como Lynne Viola ressaltam que, enquanto o
Holocausto forçou testemunhos públicos quase imediatos (julgamentos de
Nuremberg, museus em 1945), o horror dos Gulag só emergiu de forma plena no
Ocidente a partir dos anos 1970–80, com a abertura de relatos no livro de
Solzhenitsyn e o trabalho de organizações como Memorial.
O “culto de personalidade” migrou para o TikTok e o Telegram?
O culto de personalidade é uma estratégia de
propaganda política que exalta as virtudes de um líder, muitas vezes encontrada
em regimes autoritários. No contexto das redes sociais, especialmente TikTok
e Telegram, há indícios de que essa prática se adaptou às novas
plataformas digitais.
No TikTok, há conteúdos que exploram a diversidade de
personalidades em ambientes religiosos, como cultos, mas não necessariamente
ligados ao culto de personalidade político. Já no Telegram, existem
canais dedicados a influenciadores do TikTok, o que pode sugerir uma migração
de figuras públicas para essa plataforma.
• Detalhar os bastidores da propaganda – da TV estatal ao uso
de influencers pagos?
Bastidores da propaganda: da TV estatal ao uso de
influenciadores pagos
1.
Mecanismo tradicional da TV estatal • Editorial
unificado e hierárquico: toda produção (noticiários, documentários, talk shows)
passa por comitês de revisão ligados ao executivo. • Financiamento direto:
verba orçamentária do governo garante veiculação em rede nacional, sem
necessidade de aprovação de anunciantes ou agências externas. • Alcance massivo
e indiscriminado: sinal aberto atinge todas as faixas socioeconômicas, criando
perceção de consenso nacional em torno da mensagem oficial.
2.
Transição para o digital e mídias sociais • Do
site institucional ao canal de vídeo: gerências de comunicação estatal criaram
perfis oficiais no YouTube, Facebook e Twitter. Conteúdo “nativo” (short-form)
passa a rivalizar com a imprensa independente. • Laboratórios de dados e testes
A/B: antes de lançar grandes narrativas, campanhas são testadas em painéis de
internautas, ajustando tom e imagens conforme métricas de engajamento. • Bots e
contas automáticas: scripts simulam trending topics, elevando posts favoráveis
ao governo e abafando hashtags críticas.
3.
O fenômeno dos “Z-bloggers” e o Telegram na
Rússia Desde 2022, influenciadores pró-Kremlin (os chamados Z-bloggers)
migraram para o Telegram após as redes ocidentais serem parcialmente bloqueadas
na Rússia. Eles: • Acompanhavam tropas na linha de frente, postando vídeos de
bombardeios e “motivos patrióticos” para servir de isca emocional. • Vendiam
espaços publicitários: Alexander Kots cobra entre 48.000 e 70.000 rublos (≈R$
3.500) por post, dependendo do destaque na fila de mensagens; Semyon Pegov (WarGonzo)
chega a pedir o equivalente a R$ 9.657 por publicação. • Agentes até do grupo
Wagner intermediavam orçamentos: anúncios que custam a partir de R$ 1.600 para
canais com acesso exclusivo às fileiras do grupo mercenário.
4.
Microinfluenciadores pagos na política
brasileira • Eleições de 2018: partidos — em especial o PT — bancaram postagens
no Twitter de perfis como “Central Feminista” (20 mil seguidores) e “Esteban
Tavares” (311 mil), espalhando elogios a candidatos como Haddad e Gleisi
Hoffmann. • Lógica do “falo o que me paga”: como relatado em VEJA, muitos
influenciadores vendem sua audiência pelo melhor lance, abrindo mão de valores
próprios em troca de cachês sigilosos. • Expansão além do Twitter: hoje
anúncios “secretos” rodam no Instagram, TikTok e grupos de WhatsApp,
acompanhados de relatórios de performance para justificar gastos de campanhas.
5.
Panorama atual e fluxo de operações
1.
Criação do briefing: politólogos,
marqueteiros e agências definem os temas-chave (economia, segurança,
identidade).
2.
Produção de conteúdo: estúdios internos
ou prestadores de serviço criam roteiros, artes e vídeos.
3.
Compra de mídia e impulsionamento:
orçamentos públicos ou de doações oficiais alimentam a veiculação em TV, rádio,
redes sociais e mensageiros (Telegram, WhatsApp).
4.
Amplificação por influenciadores: desde
celebridades nacionais até microinfluenciadores de nicho, todos recebem por
post. Há faturamento direto (pagamento ao influenciador) ou terceirizado
(agências que gerenciam carteiras de canais).
5.
Monitoramento em tempo real: painéis de
BI (Business Intelligence) mostram alcance, “sentimento” nas redes e ajustes de
verba para maximizar engajamento.
Como a propaganda evoluiu entre Putin e Estaline? Como a
classe média urbana afeta a política russa hoje? Quais legados ambos os líderes
deixaram para a Rússia contemporânea?
Evolução da propaganda: de Estaline a Putin
Na era Stalin (1920–1953) A propaganda soviética era
centralizada, monopolizada pelo Estado e alicerçada na ideologia
marxista-leninista. Todo material impresso, rádio, cinema e reuniões de massa
eram estritamente censurados pelo órgão Glavlit, que não apenas suprimia
críticas à “linha partidária” como também garantia que cada publicação
reforçasse o culto à liderança de Estaline. A manipulação fotográfica (apagando
dissidentes de registros oficiais) e a pseudociência (como o lysenkoismo)
serviam para reescrever a história e consolidar o mito do “grande líder”.
No governo Putin (2000–presente) A estratégia de
propaganda migrou para um modelo híbrido que combina:
· Mídias
estatais modernizadas (Rossiya 1, RT, RIA Novosti) como canais de
informação preferenciais, mas com produção de conteúdo “nativo” para
plataformas digitais;
· Tropas
de trolls e bots (ex-Agência de Investigação da Internet) espalhando
desinformação em larga escala, sobretudo em redes ocidentais e locais;
· Reinterpretação
selectiva do passado soviético, onde Putin adota narrativa ambígua sobre
Estaline: nem nega o terror, nem o glorifica por completo, a fim de apaziguar
círculos pró-e contra-Estalinismo dentro da sociedade russa. Em paralelo, o
Kremlin aprimorou mecanismos de “democracia gerenciada”: eleições de alta
aprovação (≈88%) conferem aura de legitimidade, mesmo em ausência de oposição
real.
A classe média urbana e a política russa hoje
A definição de “classe média” na Rússia difere do padrão
ocidental. Pesquisas mostram que ela é maioritariamente composta por servidores
públicos, profissionais da burocracia estatal e outros funcionários com
estabilidade de vínculo e renda mediana.
· Essa
camada valoriza estabilidade e ordem acima de transformações radicais.
· Seu
crescimento (cerca de 42% da população) reforça o consenso pró-status quo e
sustenta o apoio ao Kremlin na periferia urbana.
· Ao
mesmo tempo, a heterogeneidade interna — de executivos bem-remunerados a
professores e tradutores precários — torna-a um fenômeno instável, capaz de
gerar protestos pontuais em metrópoles quando questões como fraude eleitoral ou
restrição de liberdades vêm à tona.
Legados para a Rússia contemporânea
Estaline
· Consolidação
de um Estado totalitário com partido único e aparato de segurança (antecessor
do KGB).
· Projetos
de industrialização forçada (Planos Quinquenais) que transformaram a URSS em
potência militar e industrial.
· Culto
de personalidade e cultura do medo, deixaram herança de autoridade centralizada
e desconfiança institucional3.
Putin
· “Vertical
de poder”: re-centralização da autoridade em Moscou e enfraquecimento das
instituições regionais.
· “Democracia
soberana” e “gerenciada”: mecanismos legais e eleitorais para perpetuação no
poder, uso de mídia estatal e disinformação digital para manter altas taxas de
aprovação.
· Reabilitação
seletiva do símbolo soviético (incluindo Estaline), reforçando o nacionalismo e
construindo narrativa de “Rússia grande outra vez” – culminando na anexação da
Crimeia e na guerra híbrida na Ucrânia.
Quer entender melhor como esses legados se traduzem nas
relações da Rússia com o Ocidente hoje, ou como o “soft power” russo opera em
outros países?
Como cada corrente trata especificamente o Holodomor ou como
esses discursos são ensinados nas escolas russas hoje?
Cada “corrente” russa – do Estado Putinista ao círculo de
acadêmicos dissidentes – constrói o Holodomor de forma muito distinta. Eis um
panorama, seguido de como o tema aparece (ou desaparece) no currículo oficial
das escolas hoje:
1.
Discurso estatal oficial
o
Rotula o colapso de 1932-33 como “fomes na URSS”
sem menção à palavra Holodomor ou a intencionalidade genocida.
o
Atribui as mortes a “exigências exageradas de
entrega de grãos, sabotagem de kulaks e instabilidade climática”2.
o
Nos documentos do Ministério da Educação,
instrui-se que se apresente a coletivização como etapa-chave da modernização
soviética, em que “falhas ocorreram do mesmo modo em outras regiões”2.
2.
Nacionalistas pró-Kremlin
o
Muitos abraçam o silêncio oficial ou acusam a
“versão ucraniana” de ser pura propaganda ocidental.
o
Alguns chegam a celebrar Stalin como “fundador
da grande Rússia”, considerando qualquer crítica ao Holodomor um ataque à
identidade nacional2.
3.
Comunistas nostálgicos (CPRF)
o
Reconhecem a tragédia, mas suavizam: “foi um
erro grave, porém necessário para derrotar o capitalismo kulak”.
o
Evitam o rótulo de “genocídio”; preferem
enquadrar a fome como “consequência da luta de classes em crise”2.
4.
Historiadores independentes e dissidentes
o
Consideram o Holodomor um genocídio deliberado:
uso de exércitos internos para confiscar cereais e vedar ajudas externas2.
o
Publicações acadêmicas em revistas estrangeiras
(e alguns blogs em russo) documentam cartas da OGPU e deportações em massa2.
5.
Vozes da diáspora ucraniana
o
Organizações em Moscou e S. Petersburgo promovem
memorials, mas enfrentam bloqueios legais e rotineira perseguição por
“extremismo”2.
Como isso chega aos colégios públicos hoje
· O
Currículo Federal de História (2016–2025) dedica apenas uma aula a
“fomes na URSS” dentro da unidade sobre “coletivização” (“fase de transição
para a economia planificada”); nenhuma menção à Ucrânia como alvo2.
· Manuais
oficiais (editora Prosveschenie) tratam a questão sob o título “Fome de
1932-33” e repetem o discurso de “falhas de planejamento” e “kulaks
sabotadores”2.
· Professores
que tentam aprofundar — mencionando, por exemplo, que 4–7 milhões de ucranianos
morreram — arriscam advertências administrativas e são acusados de
“revanchismo” ou “viés antirrusso”2.
· Em
regiões fronteiriças (Bielorrússia, Sibéria), as escolas ainda enfatizam
“lesões ao prestígio soviético” e levantam avisos contra “reviver debates
étnicos”2.
Resumo do legado no ensino: • O Estado Moscovita quer
consenso em torno da “Rússia grande”, logo silencia ou trata o Holodomor como
um erro de rota, jamais como crime contra a humanidade. • A verdadeira
discussão — genocídio, cálculo demográfico, documentos de OGPU — fica confinada
a círculos acadêmicos e ONGs de direitos humanos, com acesso restrito ao
público jovem.
“Holodomor –
Wikipédia, a enciclopédia livre,” acessado em 11 de junho de 2025.
Como cada corrente trata especificamente o Holodomor ou como
esses discursos são ensinados nas escolas russas hoje?
1. Discurso oficial do Estado russo
· O
Holodomor é apresentado como parte de “fomes na URSS” de 1932-33, sem menção à
intencionalidade ou ao termo “Holodomor”.
· A
narrativa oficial atribui as mortes a “exigências exageradas de entrega de
grãos”, “sabotagem de kulaks” e “condições climáticas adversas”, enquadrando-o
como falha de planejamento, não crime de Estado.
2. Nacionalistas pró-Kremlin
· Reforçam
o silêncio estatal ou qualificam a versão ucraniana de “propaganda ocidental”.
· Alguns
chegam a celebrar o período estalinista como fase de “consolidação da grande
Rússia”, vendo qualquer crítica como ataque à identidade nacional.
3. Comunistas nostálgicos (CPRF e círculos afins)
· Reconhecem
que houve uma tragédia humana, mas minimizam: “erro necessário à derrota do
capitalismo kulak”.
· Rejeitam
o rótulo de genocídio, tratam a fome como “consequência dolorosa da luta de
classes”.
4. Historiadores independentes e dissidentes
· Definem
o Holodomor como genocídio deliberado: uso de forças de segurança para
confiscar alimentos, proibir ajuda externa e impedir a saída de camponeses
famintos.
· Fundam-se
em documentos da OGPU, correspondências de líderes locais e estimativas
revisionistas do número de vítimas, hoje situadas entre 3,3 e 7,5 milhões.
5. Vozes da diáspora ucraniana
· Mantêm
memorializações em Moscou e São Petersburgo, organizam conferências e
exposições fotográficas sobre o “terror artificial”.
· Sofrem
restrições legais sob leis de “extremismo”, mas preservam a memória como
resistência ao revisionismo histórico.
O Holodomor no currículo escolar russo
1.
Unidade de “coletivização”:
o
Em geral, dedica-se uma única aula às “fomes na
URSS” dentro do bloco sobre economia planificada.
o
O termo “Holodomor” costuma ser omitido; fala-se
genérico de “fome de 1932-33” e “falhas de planejamento”.
2.
Manuais oficiais (editora Prosveshchenie,
entre outras):
o
Seguem o texto do Ministério da Educação,
repetindo o discurso de “kulaks sabotadores” e “condições adversas” como causa
principal.
o
Não há espaço para debate sobre intenções de
Estado ou reconhecimento de crime contra a humanidade.
3.
Limites à abordagem crítica:
o
Professores que mencionam dados mais altos de
vítimas (por ex., até 7 milhões) ou falam em genocídio arriscam advertências
administrativas.
o
Atividades extraclasse (palestras, clubes de
história) que tragam fontes dissidentes exigem autorização especial e muitas
vezes são censuradas.
4.
Regiões periféricas e línguas minoritárias:
o
Em repúblicas não-eslavas (Tartaristão, Sibéria,
Buriácia), enfatiza-se o “conceito unificado de passado soviético”,
desencorajando “debates étnicos”.
o
Em áreas de forte presença ucraniana, escolas
bilíngues tendem a suprimir qualquer menção ao Holodomor para evitar “conflitos
interétnicos”.
: “Holodomor – Wikipédia, a enciclopédia livre,” consultado
em 11 de junho de 2025.
Como os líderes políticos utilizam essas redes para construir
sua imagem?
1. Humanização e personal branding: Políticos hoje se
posicionam como influenciadores digitais, exibindo seu dia a dia, vida familiar
e bastidores do trabalho. Vídeos curt.os nos Stories ou no TikTok ajudam a
criar uma conexão emocional, mostrando o lado “real” do líder e reduzindo a
distância entre público e candidato.
2. Narrativas editoriais estratégicas: Eles definem
linhas editoriais — do #tbt nostálgico a críticas pontuais a adversários — para
moldar valores da cultura política compartilhados pelo eleitor. Essa
articulação deliberada de símbolos, linguagem e referências fortalece
legitimidade e identidade política.
3. Segmentação e microtargeting: Por meio de dados
demográficos e comportamentais disponíveis nas plataformas, campanhas ajustam
mensagens para nichos específicos (jovens, profissionais, mulheres, periferias
etc.). Isso maximiza relevância e engajamento, tornando cada post mais eficaz em
persuadir distintos grupos de eleitores.
4. Engajamento ativo e mobilização: Hashtags, enquetes
e lives servem para convocar apoiadores, organizar eventos e nutrir um
sentimento de comunidade. As interações diretas — respondendo comentários e
mensagens — reforçam a percepção de proximidade e de liderança participativa.
5. Monitoramento e otimização contínua: Equipes de
mídia analisam em tempo real métricas como alcance, taxa de cliques e
sentimento do público. A partir desses indicadores, ajustam pautas, formatos e
horários de postagem, garantindo alta performance e coerência estratégica.
Quais as conclusões do estudo com coautoria de Svitlana
Krakovska, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), apresentado na 62.ª sessão do IPCC em Hangzhou, na China?
As principais conclusões do estudo com coautoria de Svitlana
Krakovska, apresentado na 62.ª sessão do IPCC em Hangzhou, são:
· As
emissões totais de gases de efeito estufa atribuíveis à guerra na Ucrânia
atingiram quase 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalente desde o início do
conflito, em fevereiro de 2022 — um volume comparável às emissões anuais
combinadas de Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia.
· No
último ano (até início de 2025), houve um salto de 31 % nessas emissões,
impulsionado sobretudo por incêndios florestais ligados diretamente às
operações militares.
· A
área ardida em 12 meses chegou a 92 100 hectares — mais que o dobro da média
anual dos dois anos anteriores —, gerando 25,8 milhões de toneladas de CO₂
equivalente (alta de 118 % em relação à média de guerra).
· Os
focos de incêndio foram normalmente iniciados por bombardeios, explosões de
munições e drones, minas não detonadas ou fogueiras de tropas, e se alastraram
porque as brigadas de combate a incêndios não conseguiam acessar áreas de
conflito.
· Além
das ações militares, as condições meteorológicas excepcionalmente secas nas
linhas de frente em 2024 exacerbam a frequência e a intensidade dos incêndios.
· Para
quantificar e atribuir essas emissões, o estudo recorreu à inovadora
“Iniciativa de Contabilidade de Gases de Efeito Estufa da Guerra”, apoiada pelo
governo ucraniano, que visa responsabilizar cada fonte de emissão vinculada ao
conflito.
Santo Vladimir I o Grande, foi um verdeiro santo no sentido
da igreja católica e religiões pacifistas ou um assassino, imperialista,
maquiavélico semelhante a Putin?
São Vladimiro (Vladimir I, o Grande; c. 958–1015) reúne em si
duas faces muito distintas:
1\. Canonização e legado religioso
· É
venerado como santo pelas Igrejas Ortodoxa e pelas Igrejas Católicas de rito
oriental (incluso no Martyrologium Romanum), sob o título de
“Igual-aos-Apóstolos” por ter promovido a cristianização da Rus’ de Kiev em
988. Sua festa é celebrada em 15 de julho (Calendário Católico) e 10 de outubro
(Ortodoxo)⁽²⁾⁽⁴⁾.
2\. Príncipe guerreiro e “maquiavélico” medieval
· Logo
depois de volta de exílio varangiano, em 978 ele mandou matar o irmão Jaropolco
para tomar Kiev, e a partir daí conduziu expedições contra povos vizinhos
(drevlianos, polovtsianos etc.) para expandir e unificar seu domínio.
· Impôs
a fé cristã de forma coercitiva: destruiu santuários pagãos e forçou batismos
em massa, usando sua autoridade militar e administrativa para suprimir cultos
tradicionais.
· Sua
aliança com o Império Bizantino (casamento com Anna Porfirogênita) e o uso de
casamentos dinásticos, tributos e execuções seletivas o aproximam de um
“príncipe maquiavélico” – calculista, implacável e focado na centralização do
poder.
Comparação com Putin
· Ambos
recorrem a violência política para reforçar narrativas nacionalistas (ortodoxia
+ kievismo vs. neo-império), eliminam opositores internos e recorrem à
propaganda religiosa/cultural como pilar ideológico.
· Mas
Vladimir atuava num contexto feudal, onde rivalidades familiares e guerras
tribais eram norma, e sua brutalidade buscava sobretudo a fundação de um Estado
unido; Putin age num Estado-nação moderno, motivado por geopolítica, interesses
econômicos e controle midiático.
Em suma, para a Igreja ele é “santo” no sentido ritual e
simbólico – quem lança as bases da fé numa nova comunidade –, mas, como líder
político-militar, foi tão implacável e ambicioso quanto qualquer príncipe
medieval de sangue e espada.
Quais destes dados podem ser atribuídos ou acentuados com a
guerra na Ucrânia: "Green Notícias verdes Estudo: alterações climáticas
podem causar mais 2,3 milhões de mortes na Europa até 2099 … 70% destas mortes
podem ser evitadas se forem tomadas medidas rápidas. … Projeta-se que Barcelona
tenha o maior número de mortos relacionados com a temperatura até o final do
século, com 246.082. Seguem-se duas cidades italianas: Roma com uma projeção de
147.738 mortes e Nápoles com 147.248. Em quarto lugar da lista está outra
cidade espanhola Madrid (129.716) e depois mais uma cidade italiana em quinta,
Milão (110,131). Atenas com uma projeção de 87.523 mortes surge de seguida,
antes de Valência (67.519), Marselha (51,306), Bucareste (47.468) e Génova
(36.338) para completar as 10 cidades mais afetadas… “As mortes relacionadas
com o calor são apenas uma medida dos impactos na saúde do aumento das
temperaturas. O calor extremo mata mas também causa uma ampla gama de problemas
de saúde graves”, COP30 https://pt.euronews.com/green/2025/01/27/estudo-alteracoes-climaticas-podem-causar-mais-23-milhoes-de-mortes-na-europa-ate-2099".
Os únicos dados do artigo que podem ser diretamente
atribuídos ou acentuados pela guerra na Ucrânia são aqueles relativos às
emissões de gases de efeito estufa provocadas pelo conflito
• Emissões adicionais de quase 230 milhões de toneladas de
CO₂ eq. entre fevereiro de 2022 e início de 2025 — valor equivalente às
emissões anuais da Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia juntas. •
Salto de 31 % nessas emissões só no último ano, impulsionado sobretudo por
incêndios florestais na linha de frente1. • Área ardida de 92 100 ha nos
últimos 12 meses (mais que o dobro da média pré-guerra) e 25,8 Mt CO₂ eq.
liberadas por esses incêndios — ambas consequências diretas dos combates. •
Distribuição das emissões ligadas ao conflito: – 36 % por operações militares
(queimadas de combustível nos tanques, obuses, artilharia), – 27 % pela
reconstrução de edifícios e infraestruturas, – 21 % por incêndios florestais, –
8 % por danos em redes e usinas de energia, – 6 % por voos civis em corredores
humanitários, – 2 % pela movimentação de refugiados2.
Esses “acréscimos de curto prazo” ao balanço de CO₂ ajudam
marginalmente a empurrar para cima o termômetro europeu e, assim, a agravar
(mesmo que em fração reduzida) as projeções de aumento das mortes por calor
extremo.
Diversos relatórios de órgãos internacionais, como a ONU Meio
Ambiente e a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontaram que condições
ambientais insalubres – que englobam a poluição do ar, da água, do solo e a
exposição a substâncias químicas – são responsáveis por aproximadamente 12,6
milhões de mortes por ano. Isso significa que quase um quarto de todas as
mortes ocorridas globalmente pode estar associado a esses fatores ambientais.
É interessante notar que, quando se analisa a poluição do ar
isoladamente, o número de mortes atribuído a ela gira em torno de 6,5 milhões
por ano. Os demais números, que complementam os 12,6 milhões, incluem uma série
de outros riscos ambientais, como o consumo de água contaminada, a falta de
saneamento básico e a exposição prolongada a substâncias tóxicas em diversos
ambientes – tanto urbanos quanto rurais. Essa abordagem integrada reflete quão
ampla é a influência dos fatores ambientais na saúde humana.
Vale ressaltar que esses números podem variar conforme a
metodologia de cada estudo e a região analisada. Relatórios mais recentes
continuam a monitorar esses indicadores, ajustando as estimativas conforme
surgem novos dados e melhorias nos métodos de coleta e análise. Contudo, os
dados de 12,6 milhões, citados em diversas fontes entre 2016 e 2017,
permaneceram um importante alerta sobre a urgência em adotar medidas eficazes
de saúde pública e políticas ambientais para reduzir esses riscos.
Além disso, é válido acompanhar as publicações mais recentes
da OMS, da ONU Meio Ambiente e de outras organizações internacionais, pois o
monitoramento dessas estatísticas é contínuo e pode oferecer um panorama
atualizado sobre os impactos ambientais na saúde global.
Poluição causa 12,6 milhões de mortes por ano, alerta agência
ambiental da ONU https://brasil.un.org/pt-br/78241-poluição-causa-126-milhões-de-mortes-por-ano-alerta-agência-ambiental-da-onu.
OMS: ambiente insalubre mata 12,6 milhões por ano BR https://news.un.org/pt/story/2016/03/1544421.
Poluição ambiental causa 12,6 milhões de mortes ao ano no
mundo https://observatorio3setor.org.br/poluicao-ambiental-causa-126-milhoes-de-mortes-ao-ano-no-mundo/.
Alguém depois de Estaline e Hitler originou mais poluição do
que Putin com a invasão da Ucrânia?
A comparação direta entre o impacto ambiental de um conflito
militar e o legado poluente de regimes históricos é um assunto complexo e
delicado. Isso se deve a vários fatores:
1.
Metodologias
Diferentes: Estimar a poluição gerada por eventos históricos, como as
políticas de industrialização nos períodos de Stalin ou os efeitos da Segunda
Guerra Mundial sob Hitler, envolve avaliar décadas de atividade industrial,
destruição e consequentes danos ambientais. Por outro lado, a invasão da
Ucrânia, embora tenha causado emissões significativas (por exemplo, estudos
apontam que as hostilidades já geraram centenas de milhões de toneladas de CO₂
equivalente devido a incêndios, destruição de infraestrutura e outras
consequências diretas), é um evento mais específico e de curta duração, mas com
efeitos imediatos e intensos.
2.
Contextos
Disparatados: Regimes autoritários do passado implementaram políticas
que resultaram em uma industrialização massiva sem as regulamentações
ambientais que hoje conhecemos. Essas atividades contribuíram para níveis
elevados de poluição durante décadas. Já a ação de Putin com a invasão tem um
impacto ambiental direto ligado aos danos provocados na guerra (incêndios,
destruição de unidades industriais, vazamento de substâncias químicas, etc.),
que geram emissões imediatas, mas cuja comparação numérica com décadas de
processos históricos não é simples nem direta.
3.
Dados e Consensos
Atuais: Embora estudos recentes apontem impactos ambientais graves
decorrentes do conflito na Ucrânia, até o momento não há um consenso entre
pesquisadores de que “alguém depois de Stalin e Hitler” – ou seja, que outra
ação ou liderança posterior – tenha ocasionado um nível de poluição que se
sobreponha ou exceda o produzido pela invasão em curso. Cada contexto exige uma
avaliação própria com base em diferentes parâmetros: enquanto o conflito
ucraniano pode ter um forte impacto imediato, os danos cumulativos de regimes
industriais do passado têm um alcance e duração que complicam a comparação
direta.
Em resumo, não existe uma confirmação sólida ou um consenso
na comunidade científica e institucional de que algum líder ou ação posterior
tenha gerado, de forma mensurável e comparável, mais poluição do que os níveis
atribuídos à invasão da Ucrânia liderada por Putin.
Essa questão convida a uma reflexão mais profunda sobre como
medimos os impactos ambientais e como diferentes eventos históricos podem ser
comparados, mesmo que de maneira indireta.
Segundo informações online, os
12.000 tanques usados na invasão da Ucrânia poluíam com 2 litros cada um por
cada quilómetro. Foram usados mais ou menos? Quais os outros meios poluentes
foram usados na invasão da Ucrânia? Há algum cálculo aproximado da poluição
desses meios?
A afirmação de que os supostos 12.000 tanques usados na invasão da
Ucrânia poluíam “2 litros por quilômetro” é, na verdade, uma aproximação muito
simplificada. Em condições reais de campo de batalha, o consumo de combustível
de um tanque varia — dependendo do modelo, do terreno, da intensidade da
operação e de fatores como a manutenção e a tática empregada. Alguns tanques
podem consumir acima desse valor, enquanto outros em operações menos intensas
podem apresentar números menores. Além disso, a cifra de 12.000 tanques pode
incluir uma agregação de veículos blindados e outros tipos de veículos de
combate operacionais durante todo o conflito; a contagem simultânea de unidades
em campo pode ser bem menor. Assim, esse número serve mais como um parâmetro
ilustrativo para evidenciar o grande impacto ambiental devido ao consumo
exacerbado de combustíveis do que como um dado absoluto e preciso.
Além dos tanques, o conflito emprega muitos outros meios que contribuem
para a poluição ambiental, tais como:
- Veículos
blindados e de transporte: Uma frota diversificada de veículos
(combatentes, de suporte e logísticos) consome grandes quantidades de
diesel, o que gera emissões elevadas de CO₂ e outros poluentes.
- Aeronaves e
helicópteros: O uso intensivo de aviões e helicópteros — tanto para combate
quanto para reconhecimento e reabastecimento aéreo — se traduz em alta
queima de querosene de aviação, com um forte impacto na emissão de gases
de efeito estufa.
- Sistemas de
artilharia, mísseis e drones: Além do combustível utilizado para o
seu movimento, esses sistemas liberam, no momento do disparo ou da
explosão, partículas, gases e resíduos químicos que podem contaminar o
solo e a água.
- Destruição
de infraestrutura e vazamentos: Danos a instalações industriais,
vazamentos de substâncias perigosas e até o risco de acidentes em centrais
(incluindo nucleares, como o caso de Zaporizhia) contribuem para um quadro
de contaminação ambiental abrangente.
Em relação aos cálculos das emissões, a metodologia geralmente envolve
a combinação de três elementos principais:
- Dados de
consumo de combustível: Estima-se o número de litros consumidos por
cada veículo por quilômetro (ou por hora de operação). No caso dos
tanques, utiliza-se uma média que pode variar e, em muitos estudos, é
normalizada para permitir comparações.
- Fatores de
emissão: Cada litro de combustível queimado gera uma quantidade específica
de CO₂, além de outros poluentes (como óxidos de nitrogênio e material
particulado). Organizações ambientais e estudos internacionais fornecem
esses coeficientes (por exemplo, a queima de diesel gera aproximadamente
2,6 a 2,7 kg de CO₂ por litro).
- Modelagem
operacional: Os pesquisadores cruzam essas estimativas com dados de movimento
das tropas, relatórios do campo de batalha (inclusive obtidos por imagem
de satélite) e informações logísticas para modelar o impacto global das
operações militares.
Esses métodos têm sido aplicados informalmente por grupos como o
Observatório de Conflitos e Meio Ambiente (CEOBS) e pesquisadores que estudam a
“pegada de carbono” militar. Há, inclusive, estimativas que sugerem que, se
consideradas como um único “país”, as forças armadas globais poderiam ficar
entre os maiores emissores de gases de efeito estufa – com aproximações na
faixa de 5–6% das emissões globais, ou, em alguns relatórios, o equivalente a
serem o quarto maior emissor do planeta.
Em termos de relatos históricos e metodologias, estudos sobre guerras
recentes (como o uso massivo de defoliantes no Vietnã ou os incêndios em poços
de petróleo durante a Guerra do Golfo), demonstram que a avaliação do impacto
ambiental de conflitos envolve a análise de múltiplos fatores:
- Na Guerra do
Vietnã, a aplicação de herbicidas como o Agente Laranja foi estudada
para quantificar os efeitos sobre os ecossistemas, mostrando danos que
perduram por décadas.
- Durante a
Guerra do Golfo, metodologias baseadas em imagens de
satélite e medições diretas foram empregadas para estimar as emissões
provenientes dos incêndios em poços de petróleo, que tiveram impactos
significativos na qualidade do ar regional.
- Conflitos
atuais, como o ocorrido na Ucrânia, estão sendo monitorados por meio de
técnicas modernas — que combinam dados abertos, imagens de satélite e
modelos de consumo de combustível — para tentar mensurar os danos
ambientais, embora sejam estimativas ainda envoltas em altas margens de
incerteza devido à natureza dinâmica e sigilosa dos dados militares.
Em resumo, embora a cifra “2 litros por quilômetro” para os tanques
seja uma referência útil para discutir o impacto ambiental do uso de veículos
militares, ela reflete uma simplificação de realidades operacionais muito mais
complexas. Outros meios poluentes, como aeronaves, veículos de apoio, sistemas
de artilharia e até as consequências colaterais da destruição de
infraestrutura, contribuem substancialmente para o quadro de poluição que se
desenrola num conflito de alta intensidade. Os cálculos dessas emissões
envolvem a junção de fatores de combustível, modelos operacionais e dados de
campo — metodologia que tem sido aprimorada ao longo dos últimos conflitos, mas
que ainda apresenta desafios devido à dificuldade de obter dados precisos em
ambientes de guerra.
Para se aprofundar, recomenda-se a leitura dos estudos do CEOBS, dos
relatos em fontes como Carbono Zero e análises publicadas em veículos voltados
à sustentabilidade e ao meio ambiente, que oferecem mais detalhes sobre tanto
as metodologias de cálculo das emissões militares quanto os impactos ambientais
históricos e atuais dos conflitos armados.
Quais soluções estão sendo propostas para reduzir a poluição militar? Como
a poluição da invasão da Ucrânia se compara a conflitos passados? Pode dar-me
mais exemplos de como são calculadas essas emissões? Alguém depois de
Estaline e Hitler originou mais poluição? Há algum pior criminoso contra a
humanidade depois de Estaline e Hitler? Algum originou mais poluição? Mais
destruição do ambiente?
Os incêndios florestais contribuíram para um aumento de 31% das
emissões resultantes da invasão russa da Ucrânia nos últimos 12 meses.
A invasão da
Ucrânia pela Rússia já emitiu quase 230
milhões de toneladas de CO2 equivalente desde o seu início, a 24 de fevereiro
de 2022.
Com um aumento de
31% nos últimos 12 meses, o valor total é agora igual às emissões anuais da
Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia juntas.
Esta metodologia única da Iniciativa de Contabilidade de Gases
do Efeito Estufa da Guerra é apoiada pelo governo ucraniano e tem como objetivo
responsabilizar a Rússia por estas emissões e pelos danos
climáticos daí resultantes.
Incêndios florestais violentos marcaram últimos 12 meses na
Ucrânia
De acordo com os dados compilados pelo Sistema Europeu de
Informação sobre Incêndios Florestais, a Ucrânia foi largamente
assolada por incêndios florestais em 2024, que foram, em
grande medida, desencadeados pela guerra. A área ardida nos últimos 12 meses
foi mais do dobro da média anual dos dois anos anteriores, tendo aumentando
para 92.100 hectares.
Estudo: alterações climáticas podem
causar mais 2,3 milhões de mortes na Europa até 2099
As emissões da totalidade dos incêndios
florestais mais do que duplicaram para 25,8 milhões de
toneladas de CO2 equivalente - um aumento de 118% em comparação com a média
anual dos anos anteriores em tempo de guerra.
A maioria destes incêndios ocorreu na linha da frente da guerra
ou perto dela, ou em zonas fronteiriças.
"Os pontos de ignição durante a guerra são, por exemplo, os
bombardeamentos de ambos os lados [explosões], o disparo de munições, a queda
de drones, a explosão de minas, soldados a fazer fogueiras", explica o
autor principal do relatório, Lennard de Klerk, à Euronews Green.
"Devido às hostilidades e à exploração mineira em
curso, os bombeiros não conseguem chegar à área, pelo
que um incêndio inicial se torna muito maior e mais intenso e só para quando
todo o combustível [árvores e arbustos] tiver sido queimado."
O que foi diferente no ano passado, refere de Klerk, foi o facto
de o tempo ter estado invulgarmente seco nas linhas da
frente no leste da Ucrânia. Combinado com várias ondas de
calor, este facto resultou num Índice Meteorológico de Incêndio muito elevado.
"A probabilidade de ocorrência deste tipo de tempo
tornou-se muito maior devido às alterações climáticas. As alterações climáticas
criam condições para os incêndios florestais, a guerra desencadeia-os e provoca
emissões de carbono, o que provoca mais alterações climáticas. É um ciclo
vicioso de destruição", acrescenta.
Os incêndios descontrolados - alimentados por condições
meteorológicas associadas às alterações climáticas - provocaram um enorme
aumento das emissões de carbono, bem como a destruição da vegetação e de outros
sumidouros de carbono.
A análise mais recente refere que o ano passado se destacou como
um "exemplo preocupante" de como as alterações climáticas
e os conflitos armados se reforçam mutuamente, alimentando um ciclo de
destruição decorrente do aquecimento global.
Quais são as outras principais fontes de aumento das emissões de
carbono na Ucrânia?
À medida que os combates prosseguiam, as emissões resultantes da
atividade militar continuaram a aumentar nos últimos 12 meses, ultrapassando a
outra grande categoria de custos climáticos: a reconstrução de edifícios e
infraestruturas danificados.
Ao fim de três anos, a atividade militar
tornou-se a maior fonte de emissões. Os combustíveis fósseis
queimados por veículos como tanques e caças - grandes consumidores de gasóleo e
querosene - constituem a maior parte destas emissões, com 74 milhões de
toneladas de CO2 equivalente.
Embora a utilização de drones se tenha
tornado mais proeminente nos últimos 12 meses, não substituiu a utilização de
projéteis de artilharia com elevado teor de carbono, pouco contribuindo para
reduzir as emissões resultantes da utilização de munições.
A intensificação dos ataques às infraestruturas energéticas provocou,
por sua vez, um aumento de 16% nesta categoria de emissões derivadas do
conflito.
As infraestruturas petrolíferas foram particularmente afetadas,
fazendo com que as emissões aumentassem para 2,1 milhões de toneladas
de CO2 equivalente nos últimos 12 meses, em comparação com
1,1 milhões de toneladas nos 24 meses anteriores.
Já os aviões continuaram a evitar ou foram proibidos de entrar
no espaço aéreo sobre a Rússia e a Ucrânia, o que significa que tiveram de voar
distâncias mais longas e, por conseguinte, causaram mais emissões. Este facto
fez com que as emissões da aviação relacionadas com o conflito aumentassem
para 14,4 milhões de toneladas deCO2 equivalente desde
o início da invasão.
As emissões relacionadas com a fuga de refugiados mantiveram-se,
por sua vez, praticamente inalteradas.
As conclusões do estudo relativas aos últimos 12 meses são, de
momento, preliminares, uma vez que alguns dados ainda não foram publicados.
Ucrânia quer indemnização pelas emissões de carbono derivadas da
guerra
Os autores do estudo defendem que a Rússia deve ser
responsabilizada pelas emissões resultantes da guerra na Ucrânia e pelos danos
climáticos daí resultantes.
"A agressão armada em grande escala contra a Ucrânia está a
entrar no quarto ano. A análise hoje publicada mostra que os danos
ambientais não conhecem fronteiras e que a guerra está a
agravar a crise climática que o mundo inteiro enfrenta atualmente", afirma
Svitlana Grynchuk, ministra da Proteção Ambiental e dos Recursos Naturais da
Ucrânia.
"Este relatório é um documento importante para responsabilizar
a Rússia pelos danos que está a causar a todos nós.
No que diz respeito às negociações de paz, de Klerk acrescenta
que os custos climáticos da guerra não devem ser
esquecidos.
"É demasiado cedo para dizer de que forma as negociações de
paz terão impacto no nosso trabalho, mas acreditamos que a Rússia deve
compensar a Ucrânia pelos danos causados, tal como decidido pela Assembleia
Geral das Nações Unidas a 14 de novembro de 2022", defende.
Aplicando um "custo social do carbono" de 185 dólares
(178 euros) por tonelada de CO2 equivalente, calculam que a responsabilidade da
Rússia, após três anos de guerra, será superior a 42
mil milhões de dólares (40,3 mil milhões de euros).
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Como é que os países do
Médio Oriente e norte de África lidaram com a crise ucraniana?
Qual foi a evolução dos gastos militares da Rússia e NATO desde
Gorbachev à atualidade?
Segundo informações online, os 12.000 tanques usados na
invasão da Ucrânia poluíam com 2 litros cada um por cada quilómetro. Foram
usados mais ou menos? Quais os outros meios poluentes foram usados na invasão
da Ucrânia? Há algum cálculo aproximado da poluição desses meios? Mais detalhes
sobre como são calculadas essas emissões militares ou sobre os relatos
ambientais relacionados a outros eventos históricos depois de Estaline e
Hitler?
A afirmação de que os supostos 12.000 tanques usados na
invasão da Ucrânia poluíam “2 litros por quilômetro” é, na verdade, uma
aproximação muito simplificada. Em condições reais de campo de batalha, o
consumo de combustível de um tanque varia — dependendo do modelo, do terreno,
da intensidade da operação e de fatores como a manutenção e a tática empregada.
Alguns tanques podem consumir acima desse valor, enquanto outros em operações
menos intensas podem apresentar números menores. Além disso, a cifra de 12.000
tanques pode incluir uma agregação de veículos blindados e outros tipos de
veículos de combate operacionais durante todo o conflito; a contagem simultânea
de unidades em campo pode ser bem menor. Assim, esse número serve mais como um
parâmetro ilustrativo para evidenciar o grande impacto ambiental devido ao
consumo exacerbado de combustíveis do que como um dado absoluto e preciso 2.
Além dos tanques, o conflito emprega muitos outros meios que
contribuem para a poluição ambiental, tais como:
· Veículos
blindados e de transporte: Uma frota diversificada de veículos
(combatentes, de suporte e logísticos) consome grandes quantidades de diesel, o
que gera emissões elevadas de CO₂ e outros poluentes.
· Aeronaves
e helicópteros: O uso intensivo de aviões e helicópteros — tanto para
combate quanto para reconhecimento e reabastecimento aéreo — se traduz em alta
queima de querosene de aviação, com um forte impacto na emissão de gases de
efeito estufa.
· Sistemas
de artilharia, mísseis e drones: Além do combustível utilizado para o seu
movimento, esses sistemas liberam, no momento do disparo ou da explosão,
partículas, gases e resíduos químicos que podem contaminar o solo e a água.
· Destruição
de infraestrutura e vazamentos: Danos a instalações industriais, vazamentos
de substâncias perigosas e até o risco de acidentes em centrais (incluindo
nucleares, como o caso de Zaporizhia) contribuem para um quadro de contaminação
ambiental abrangente.
Em relação aos cálculos das emissões, a metodologia
geralmente envolve a combinação de três elementos principais:
1.
Dados de consumo de combustível:
Estima-se o número de litros consumidos por cada veículo por quilômetro (ou por
hora de operação). No caso dos tanques, utiliza-se uma média que pode variar e,
em muitos estudos, é normalizada para permitir comparações.
2.
Fatores de emissão: Cada litro de
combustível queimado gera uma quantidade específica de CO₂, além de outros
poluentes (como óxidos de nitrogênio e material particulado). Organizações
ambientais e estudos internacionais fornecem esses coeficientes (por exemplo, a
queima de diesel gera aproximadamente 2,6 a 2,7 kg de CO₂ por litro).
3.
Modelagem operacional: Os pesquisadores
cruzam essas estimativas com dados de movimento das tropas, relatórios do campo
de batalha (inclusive obtidos por imagem de satélite) e informações logísticas
para modelar o impacto global das operações militares.
Esses métodos têm sido aplicados informalmente por grupos
como o Observatório de Conflitos e Meio Ambiente (CEOBS) e pesquisadores que
estudam a “pegada de carbono” militar. Há, inclusive, estimativas que sugerem
que, se consideradas como um único “país”, as forças armadas globais poderiam
ficar entre os maiores emissores de gases de efeito estufa – com aproximações
na faixa de 5–6% das emissões globais, ou, em alguns relatórios, o equivalente
a serem o quarto maior emissor do planeta.
Em termos de relatos históricos e metodologias, estudos sobre
guerras recentes (como o uso massivo de defoliantes no Vietnã ou os incêndios
em poços de petróleo durante a Guerra do Golfo) demonstram que a avaliação do
impacto ambiental de conflitos envolve a análise de múltiplos fatores:
· Na
Guerra do Vietnã, a aplicação de herbicidas como o Agente Laranja foi
estudada para quantificar os efeitos sobre os ecossistemas, mostrando danos que
perduram por décadas.
· Durante
a Guerra do Golfo, metodologias baseadas em imagens de satélite e medições
diretas foram empregadas para estimar as emissões provenientes dos incêndios em
poços de petróleo, que tiveram impactos significativos na qualidade do ar
regional.
· Conflitos
atuais, como o ocorrido na Ucrânia, estão sendo monitorados por meio de
técnicas modernas — que combinam dados abertos, imagens de satélite e modelos
de consumo de combustível — para tentar mensurar os danos ambientais, embora
sejam estimativas ainda envoltas em altas margens de incerteza devido à
natureza dinâmica e sigilosa dos dados militares.
Em resumo, embora a cifra “2 litros por quilômetro” para os
tanques seja uma referência útil para discutir o impacto ambiental do uso de
veículos militares, ela reflete uma simplificação de realidades operacionais
muito mais complexas. Outros meios poluentes, como aeronaves, veículos de
apoio, sistemas de artilharia e até as consequências colaterais da destruição
de infraestrutura, contribuem substancialmente para o quadro de poluição que se
desenrola num conflito de alta intensidade. Os cálculos dessas emissões
envolvem a junção de fatores de combustível, modelos operacionais e dados de
campo — metodologia que tem sido aprimorada ao longo dos últimos conflitos, mas
que ainda apresenta desafios devido à dificuldade de obter dados precisos em
ambientes de guerra.
Para se aprofundar, recomenda-se a leitura dos estudos do
CEOBS, dos relatos em fontes como Carbono Zero e análises publicadas em
veículos voltados à sustentabilidade e ao meio ambiente, que oferecem mais
detalhes sobre tanto as metodologias de cálculo das emissões militares quanto
os impactos ambientais históricos e atuais dos conflitos armados.
Quais soluções estão sendo propostas para reduzir a poluição
militar?
Diversos especialistas e organizações têm sugerido uma gama
de medidas – que vão desde inovações tecnológicas até mudanças na gestão e na
transparência – para reduzir a poluição gerada pelas atividades militares. Eis
algumas das principais propostas:
1.
Modernização da frota e adoção de tecnologias
limpas: Uma abordagem central é a substituição de veículos e equipamentos
antigos por modelos mais eficientes do ponto de vista energético. Isso inclui a
adoção de veículos híbridos ou até mesmo elétricos adaptados para as
necessidades táticas, bem como a busca por combustíveis alternativos (como
biocombustíveis ou combustíveis sintéticos) que tenham uma queima mais limpa.
Essa modernização pode reduzir significativamente o consumo excessivo de
combustíveis fósseis e, consequentemente, as emissões de dióxido de carbono
durante operações e treinamentos.
2.
Implementação de práticas rigorosas de gestão
ambiental: Outra linha de ação consiste na criação e no fortalecimento de
protocolos internos de monitoramento e manejo ambiental. Isso passaria por
práticas como o controle adequado dos resíduos – evitando, por exemplo, a
queima a céu aberto –, a medição contínua das emissões e a inclusão dos dados
dos impactos das operações no inventário de gases de efeito estufa. Tal
transparência é vista como imprescindível para que os militares sejam
integrados aos acordos internacionais de redução de emissões, reconhecendo a importância
do setor no contexto global.
3.
Investimento em infraestruturas sustentáveis
e eficiência energética: Bases e centros de treinamento militares também
estão sendo orientados a investir em fontes de energia renovável, como solar e
eólica. Além de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, essas
iniciativas podem servir como exemplo para o setor civil. Modernizar a
infraestrutura para torná-la mais eficiente e “verde” é considerado um passo
importante para mitigar a pegada de carbono das operações militares.
4.
Otimização logística e reavaliação
operacional: Grande parte do consumo de combustível está relacionada a
deslocamentos e operações que, muitas vezes, podem ser otimizados. Propostas
incluem a reavaliação dos padrões operacionais visando evitar manobras e
movimentações desnecessárias, além de um melhor planejamento logístico para
reduzir o desgaste dos equipamentos e o consumo excessivo. Essa abordagem, que
já vem sendo adotada em setores industriais e de transporte, está ganhando
espaço no debate sobre a “descarbonização” militar.
5.
Integração das emissões militares em
compromissos climáticos: Uma discussão emergente defende que, para que os
esforços globais de mitigação sejam realistas, é preciso contabilizar as
emissões do setor militar – que, segundo algumas estimativas, seriam
comparáveis às de nações de médio porte se consideradas isoladamente. Essa
proposta envolve tanto o aprimoramento da coleta de dados quanto a inclusão dos
militares em pactos internacionais de redução de gases de efeito estufa,
pressionando para que metas e políticas públicas levem em conta o impacto
ambiental das operações de defesa.
Em resumo, as soluções propostas não se limitam a uma única
medida, mas envolvem um conjunto integrado de ações que vão desde o
desenvolvimento e a aquisição de tecnologias mais limpas até a reorganização
dos processos operacionais e a adoção de uma postura de transparência quanto
aos impactos ambientais. Embora o debate ainda seja desafiado pela dificuldade
de acesso a dados precisos em contextos de segurança, essas medidas já
estimulam discussões e iniciativas que podem, a longo prazo, reduzir significativamente
a poluição associada às atividades militares.
Além dessas propostas, há também discussões sobre a
necessidade de incentivar parcerias entre o setor militar e a comunidade
científica para desenvolver soluções inovadoras – como a captura de carbono e o
uso de simulações digitais para treinamentos – que poderiam diminuir ainda mais
o impacto ambiental. Essa colaboração interdisciplinar pode abrir novas
fronteiras para a sustentabilidade em um campo historicamente marcado por altos
gastos energéticos e grandes emissões.
Qual foi a evolução dos gastos militares da Rússia e NATO
desde Gorbachev à atualidade?
A evolução dos gastos militares de Rússia (ou, mais
precisamente, da antiga União Soviética e, posteriormente, da Federação Russa)
e dos países aliados da NATO desde a era de Gorbachev reflete mudanças
profundas na política global, nas prioridades econômicas e nas perceções de
segurança ao longo das últimas quatro décadas. Eis um panorama que percorre
esse período:
Período Final do Governo Gorbachev e a Dissolução da União
Soviética (meados dos anos 1980 – início dos anos 1990)
· União
Soviética/Gorbachev: Durante o auge da Guerra Fria, a União Soviética
dispúnhamos de orçamentos militares colossais, com despesas que refletiam uma
competição direta com os Estados Unidos e seus aliados. Sob o comando de
Gorbachev, entretanto, começaram-se a implementar reformas – inclusive na área
militar – e, concomitantemente, a necessidade de modernização e redução de
ineficiências. Com o fim do regime soviético e a dissolução da União Soviética,
a Rússia recém-formada enfrentou uma crise econômica aguda, que forçou uma drástica
redução nos gastos militares durante os anos 1990. Essa retração foi marcada
não só pela queda de receitas estatais, mas também por um deslocamento das
prioridades nacionais, passando de uma máquina bélica de alta intensidade para
um foco maior na sobrevivência econômica e na reestruturação política.
· NATO
no Pós-Guerra Fria: No mesmo período, os países aliados do bloco ocidental
aproveitaram o chamado “dividendo da paz”. Após décadas de intensa corrida
armamentista, muitos estados reduziram seus orçamentos de defesa, à medida que
a ameaça direta da URSS desaparecia. Mesmo assim, os Estados Unidos mantiveram
um grande patamar de investimentos, e os países europeus, embora em níveis mais
modestos, ajustavam lentamente suas estruturas militares para um mundo sem a
polarização da Guerra Fria.
A Ascensão no Início dos Anos 2000 e a Modernização
Militar
· Rússia
– Reativação e Modernização: Com o advento do governo de Vladimir Putin, a
Rússia iniciou um processo de reestruturação e modernização das suas forças
armadas. Durante os anos 2000, houve uma reconstrução gradual dos gastos
militares, visando modernizar equipamentos, repensar a doutrina operacional e
recuperar parte da projeção de poder perdida após a década de 1990. Esse
período viu um aumento dos orçamentos relativos ao setor de defesa, apesar de
que os gastos absolutos ainda refletiam desafios econômicos e uma economia em
transição.
· NATO
– Ajuste e Adaptação às Novas Ameaças: A partir do início dos anos 2000, os
países da NATO começaram a repensar suas prioridades em função de novos
desafios globais – como o terrorismo pós-11 de setembro e as intervenções em
áreas instáveis como o Afeganistão e os Balcãs. Apesar de algum recuo no
período imediatamente pós-Guerra Fria, houve investimentos graduais na
modernização de equipamentos, na interoperabilidade e em capacidades de
resposta rápida, ainda que muitos países europeus não tivessem alcançado, ainda
naquela época, o comprometimento de alocar 2% do PIB para defesa.
Década de 2010: Reconsideração Estratégica e Reação aos
Acontecimentos Regionais
· Rússia
– Respostas a Conflitos Regionais: A década de 2010 foi marcada por eventos
que impulsionaram a postura militar russa: a breve guerra com a Geórgia (2008)
e, principalmente, a anexação da Crimeia em 2014. Esses acontecimentos, junto
de conflitos no leste da Ucrânia, levaram a uma intensificação dos
investimentos em modernização e reequilíbrio estratégico das forças armadas,
mesmo que o país ainda operasse com um orçamento que, em valor absoluto, era
inferior ao dos grandes países ocidentais. Essa intensificação refletia também
a intenção de demonstrar poder e de responder a perceções de ameaça, mesmo com
condições econômicas nem sempre favoráveis.
·
NATO – Reação e Aumento dos Gastos: Como
resposta às ações russas na região e à crescente instabilidade na Europa
Oriental, os países aliados passaram a enfatizar a importância de fortalecer
defesas – tanto em termos de modernização de equipamentos quanto de aumento dos
orçamentos militares. Essa reunião de esforços visava garantir a dissuasão e
assegurar a integridade dos espaços membros. Relatórios recentes, como os dados
do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) e análises do
International Institute for Strategic Studies (IISS), indicam que os países
europeus da NATO têm aumentado seus orçamentos a passos largos; por exemplo,
alguns números de 2024 mostram que, coletivamente, os gastos desses países
chegam a patamares que podem superar os gastos russos em múltiplos.
·
Anos 2020 até a Atualidade
· Rússia
– Intensificação em Meio à Conjuntura Atual: Nos anos 2020, especialmente
com o agravamento do conflito na Ucrânia, a Rússia intensificou seus gastos
militares. Apesar das restrições econômicas e das sanções internacionais, o
país continuou investindo pesado na modernização de seu aparato militar,
buscando não apenas atualizar equipamentos, mas também manter uma postura de
dissuasão diante dos desafios geopolíticos contemporâneos. Os dados mais
recentes apontam para uma despesa em torno de US$ 149 bilhões, correspondendo a
uma alta percentagem do PIB, refletindo um esforço para compensar defasagens
históricas e responder às pressões externas.
· NATO
– Uma Resposta Coletiva Ampliada: O recente cenário geopolítico, marcado
pela crise ucraniana e pelo aumento das tensões com a Rússia, levou a uma
renovada corrida armamentista entre os países da NATO. Em 2024, por exemplo, os
países europeus da aliança, excluindo os Estados Unidos, atingiram orçamentos
de defesa que, em conjunto, gastaram números consideravelmente superiores –
chegando, segundo alguns relatos, a valores três vezes superiores aos gastos
militares russos. Essa evolução não se restringe apenas ao aumento de cifras,
mas também à modernização e à reestruturação de capacidades operacionais,
buscando maior integração e respostas rápidas a ameaças emergentes.
Conclusões e Considerações Finais
A evolução dos gastos militares desde a era Gorbachev até a
atualidade demonstra:
· Para
a Rússia:
o
Um colapso agudo dos investimentos na década de
1990, seguido por um processo de retomada e modernização a partir dos anos
2000, intensificado por eventos regionais críticos na última década.
o
Um orçamento que, em termos percentuais
(relativo ao PIB), muitas vezes representa uma parcela elevada, ainda que, em
valor absoluto, seja superado pelos países ocidentais.
· Para
os Países da NATO:
o
Uma redução pós-Guerra Fria que cedeu lugar a um
período de ajustes operacionais no início do século XXI.
o
Um aumento significativo dos orçamentos
militares na última década, em resposta direta às ações russas e à
reconfiguração da arquitetura de segurança na Europa e na OTAN, culminando em
investimentos robustos e estratégias de modernização.
Essas transformações evidenciam como as prioridades de defesa
e os contextos econômicos e políticos estão profundamente interligados,
afetando não apenas a quantidade, mas também a qualidade e a estratégia dos
investimentos militares em cada bloco.
Caso tenha interesse em discutir como esses dados se
relacionam com decisões de política de defesa ou com tendências de modernização
tecnológica no setor militar, vale a pena explorar as análises detalhadas do
SIPRI, IISS e outros institutos de estudos estratégicos, que frequentemente
atualizam suas estatísticas e perspectivas sobre o assunto.
Quais fatores influenciaram o aumento dos gastos militares da
Rússia?
O aumento dos gastos militares da Rússia reflete uma
confluência de fatores estratégicos, econômicos e políticos, que se
intensificaram especialmente com a evolução do cenário geopolítico pós-Guerra
Fria. Entre os principais fatores, destacam-se:
1.
Escalada do Conflito e Perceção de Ameaça
Externa: A intensificação do conflito com a Ucrânia — que culminou em
eventos como a anexação da Crimeia e o prolongamento do confronto no leste
ucraniano — foi um importante catalisador para a reorientação do orçamento de
defesa. A pressão para manter um aparato militar robusto e pronto para
responder a ameaças, tanto reais como percebidas, impulsionou Moscou a
redirecionar recursos para o setor militar. Essa postura também responde à
sensação de urgência em contrapor a expansão e reorientação estratégica da NATO
na Europa Oriental, elevando a perceção de insegurança e a necessidade de uma
resposta contundente.
2.
Repriorização Orçamentária e
"Keynesianismo Militar": Em meio ao contexto de instabilidade
internacional e à intensificação das tensões com o Ocidente, o governo russo
optou por reestruturar seu orçamento, direcionando uma parcela significativa —
em alguns casos até 40% do total — para defesa e segurança. Essa estratégia,
por vezes denominada de “keynesianismo militar”, não só sustenta os esforços de
guerra na Ucrânia, mas também estimula o consumo interno ao canalizar
investimentos para o setor militar, em detrimento de áreas sociais.
3.
Modernização e Atualização Tecnológica: A
necessidade de atualizar um aparato militar que, em muitos aspetos, ainda
carrega resquícios da era soviética, obrigou a Rússia a investir pesado em
modernização. Esse esforço envolve a aquisição de novos equipamentos, a
digitalização das operações e a reorganização das forças armadas para enfrentar
desafios modernos. Esse movimento de transformação não só melhora a capacidade
operacional, mas também reforça a posição estratégica do país no cenário
internacional.
4.
Resposta a Sanções e Estratégia de
Autossuficiência: As sanções internacionais impostas após a agressão à
Ucrânia dificultaram o acesso da Rússia a tecnologias e mercados ocidentais. Em
resposta, o país intensificou os investimentos para desenvolver e fortalecer
uma base industrial nacional de defesa, garantindo, assim, maior autonomia
tecnológica e capacidade de produção dos seus equipamentos militares. Essa
estratégia de autossuficiência reforça a ideia de que, para manter sua
soberania e influência regional, a Rússia precisa de uma máquina de defesa robusta
e moderna.
Esses fatores se interconectam e se reforçam mutuamente: por
um lado, a escalada de tensões externas e o conflito com a Ucrânia criam um
ambiente de insegurança que justifica a reorientação dos investimentos; por
outro, a necessidade de modernizar as forças armadas e compensar os desafios
econômicos e as sanções impulsiona o governo a adotar uma postura agressiva na
alocação de recursos. Essa combinação estratégica reflete, assim, a visão de
segurança e poder, onde o fortalecimento militar torna-se tanto uma resposta à
instabilidade internacional quanto um instrumento de política interna de
consolidação do poder estatal.
O robusto aumento dos gastos militares da Rússia tem imposto
um efeito de aperto e de mobilização entre os países vizinhos, principalmente
os do Leste Europeu e os Estados bálticos. Esse cenário tem contribuído para um
ambiente regional marcado por:
1.
Ampliação dos Orçamentos de Defesa:
Países como Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia passaram a redirecionar
recursos para o setor militar, com o intuito de modernizar suas forças e
melhorar a interoperabilidade com a OTAN. A percepção de um risco iminente — no
caso de um possível reposicionamento da Rússia após o conflito na Ucrânia, por
exemplo — tem levado esses países a aumentar a porcentagem do PIB destinada à
defesa, criando um ciclo de investimentos que visa reduzir a vulnerabilidade a
possíveis agressões .
2.
Intensificação do Dilema da Segurança: O
fortalecimento do aparato militar russo, demonstrado por um aumento consistente
dos gastos, contribui para a chamada "corrida armamentista" na
região. Isso gera uma reação em cadeia: à medida que a Rússia investe pesado,
seus vizinhos se veem compelidos a retribuir, elevando seus próprios orçamentos
e modernizando seus equipamentos. Esse mecanismo, conhecido como dilema da
segurança, intensifica a desconfiança e a tensão, dificultando a construção de
uma paz duradoura na região 2.
3.
Reforço de Alianças e Integração Regional:
Em face da aparente postura expansionista ou agressiva, os países vizinhos têm
se aproximado ainda mais das estruturas de defesa coletiva, como a OTAN. Essa
integração não só oferece um dispositivo de segurança psicológica, mas também
possibilita o compartilhamento de tecnologias e estratégias de defesa,
reforçando a capacidade dos países de resistir a possíveis intervenções ou
manobras balcânicas por parte de Moscou.
4.
Impactos Políticos e Econômicos:
Paralelamente aos reajustes militares, o aumento dos gastos em defesa pode
gerar efeitos colaterais na política interna e na economia dos países vizinhos.
O redirecionamento de recursos para o setor de segurança, em detrimento de
investimentos sociais e infraestrutura, pode afetar o bem-estar interno e
intensificar debates sobre prioridades orçamentárias. Além disso, a tensão
militar pode ser explorada politicamente, alimentando narrativas nacionalistas
e polarizadas tanto internamente quanto nas relações internacionais.
Em síntese, os elevados gastos militares da Rússia atuam como
um catalisador na região, forçando seus vizinhos a adotarem posturas mais
defensivas e a investirem em suas capacidades militares como forma de
dissuasão. Essa dinâmica intensifica um ambiente de insegurança e
instabilidade, onde a necessidade de atualização e modernização dos sistemas de
defesa se torna imperativa para salvaguardar a integridade territorial e a
soberania dos Estados vizinhos.
Gostaria de explorar como esse aumento na tensão regional tem
influenciado a política interna desses países ou como a cooperação
internacional pode ajudar a mitigar esses efeitos?
Como a Polônia tem respondido aos gastos militares
russos?Qual é a posição da OTAN sobre os gastos militares da Rússia?Que efeitos
econômicos os gastos militares têm sobre os vizinhos da Rússia?
Quais as semelhanças e diferenças entre Estaline, Hitler
Putin?
Semelhanças
· Repressão
interna e culto ao legado soviético: para Laurence Rees, a semelhança mais
óbvia de Putin está com Stalin — ambos exploram o passado soviético para
legitimar purgas e censura doméstica.
· Narrativas
revisionistas de fronteiras: Hitler e Putin recorrem a retórica histórica para
justificar anexações (Anschluss em 1938 e invasão da Ucrânia em 2022) e
mobilizar apoio interno.
· Uso
do ressentimento nacional como força motriz: a “forma mental” de Hitler e de
Putin — fundamentada no ressentimento pelas humilhações históricas (Tratado de
Versalhes para um, colapso da URSS para o outro) — orienta ambições
expansionistas e militaristas.
· Culto
de personalidade e propaganda de massa: todos os três construíram imagens de
líderes infalíveis, controlando partidos, secretas e meios de comunicação para
projetar-se como salvadores da nação.
Diferenças
· Ideologia
central: • Estaline: comunismo de Estado baseado em planejamento central e
coletivização forçada. • Hitler: nacional-socialismo de base racial,
antissemitismo e eugenia. • Putin: autoritarismo conservador-capitalista,
mistura de nacionalismo russo com pragmatismo de mercado.
· Mecanismos
de terror: • Stalin: expurgos em massa, GULAG e fome forçada (Holodomor
incluído). • Hitler: Einsatzgruppen, SS e campos de extermínio para genocídio
sistemático. • Putin: leis antissindicais, controle judiciário, assassinatos
seletivos de opositores e uso estratégico de prisões políticas.
· Escala
e alvo da violência: • Stalin matou milhões sobretudo dentro das fronteiras
soviéticas. • Hitler orquestrou uma guerra total e o extermínio industrializado
de grupos inteiros. • Putin foca hoje em repressão política interna e guerra
convencional em territórios vizinhos.
· Contexto
histórico e tecnológico: • Estaline atuou no pós-revolução russa e na
modernização industrial até a Guerra Fria. • Hitler emergiu da crise de Weimar
e usou cinema, rádio e pasquins de massa. • Putin governa na era digital,
refinando técnicas de microtargeting em redes sociais e “guerra híbrida”.
Como cada líder moldou a cultura popular?
Segue um panorama de como cada um desses líderes
instrumentalizou arte, mídia e símbolos para criar um imaginário de massa:
1.
Josef Stalin (URSS, 1924–1953) • Culto da
personalidade e “realismo socialista” – Impôs um único estilo artístico:
pintura, escultura e literatura deveriam exaltar o proletariado, a
industrialização e, claro, o próprio Stalin como “pai dos povos”. – Grandes
monumentos, estátuas e retratos de Stalin em praças e fábricas tornavam-no
presença constante no cotidiano. • Cinema e música de Estado – Filmes como
“Chapaev” (1934) e óperas com trilhas heroicas reforçavam mitos de bravura
soviética. – Canções de massa — propagandistas distribuíam folhetos com letras
patrióticas para corais de fábrica e encontros de juventude. • Festas oficiais
e desfiles – Desfiles militares na Praça Vermelha, celebrações do Dia da
Revolução e “dias do herói” criavam ritos de passagem coletivos em torno da
ideologia bolchevique.
2.
Adolf Hitler (Alemanha Nazi, 1933–1945) •
Arquitetura monumental e estética “clássica” – Sob Albert Speer, Berlim e
Nuremberg ganharam palcos para espetáculos de massa: colunas e arcos evocavam a
grandeza do Império Romano. – O Estádio de Nuremberg (1936) e o
Volksgemeinschaft (comunidade do povo) ampliavam o sentimento de pertencimento
racial. • Cinema, rádio e espetáculos de massa – Leni Riefenstahl elevou o
documentário de propaganda a obra-de-arte em “Triumph des Willens” (1934) e
“Olympia” (1938). – O Volksempfänger (rádio de baixo custo) espalhou discursos
de Hitler e músicas patrióticas por todo o Reich. • Censura e “arte degenerada”
– Pintores expressionistas, cubistas e judeus foram interditados: exposições
itinerantes ridicularizavam as obras, enquanto museus oficiais exaltavam a
“arte ariana”.
3.
Vladimir Putin (Rússia, 2000– ) • Revitalização
do orgulho soviético e ortodoxo – Filmes de guerra e séries históricas (ex.:
“T-34”, 2018) recriam feitos heroicos do Exército Vermelho, mesclando nostalgia
patriótica com tecnologia de ponta. – A Igreja Ortodoxa ganha espaço em museus,
cerimônias estatais e videoclipes oficiais, reforçando a “Rússia milenar”. •
Controle dos meios e digitalização da propaganda – Canais de TV estatais
(Rossiya-1, Channel One) dominam a pauta cultural: entrevistas, shows musicais
e “realities” elogiam a liderança. – Nas redes, trolls e bots impulsionam
hashtags patrióticas; campanhas de microtargeting reciclarem símbolos
soviéticos para audiências jovens. • Festas nacionais e monumentos renovados –
Desfiles do Dia da Vitória (9 de maio) tornaram-se espetáculos multimídia, com
drones, fogos e reconstituições ao vivo. – Restaurar praças, mosaicos e
esculturas de Khrushchev e Brejnev ajuda a ligar o presente de Putin ao legado
soviético.
Quais as semelhanças e diferenças entre Estaline, Hitler e
Putin?
Semelhanças
· Repressão
interna e culto ao legado soviético: para Laurence Rees, a semelhança mais
óbvia de Putin está com Stalin — ambos exploram o passado soviético para
legitimar purgas e censura doméstica.
· Narrativas
revisionistas de fronteiras: Hitler e Putin recorrem a retórica histórica para
justificar anexações (Anschluss em 1938 e invasão da Ucrânia em 2022) e
mobilizar apoio interno.
· Uso
do ressentimento nacional como força motriz: a “forma mental” de Hitler e de
Putin — fundamentada no ressentimento pelas humilhações históricas (Tratado de
Versalhes para um, colapso da URSS para o outro) — orienta ambições
expansionistas e militaristas.
· Culto
de personalidade e propaganda de massa: todos os três construíram imagens de
líderes infalíveis, controlando partidos, secretas e meios de comunicação para
projetar-se como salvadores da nação.
Diferenças
· Ideologia
central: • Estaline: comunismo de Estado baseado em planejamento central e
coletivização forçada. • Hitler: nacional-socialismo de base racial,
antissemitismo e eugenia. • Putin: autoritarismo conservador-capitalista,
mistura de nacionalismo russo com pragmatismo de mercado.
· Mecanismos
de terror: • Stalin: expurgos em massa, GULAG e fome forçada (Holodomor
incluído). • Hitler: Einsatzgruppen, SS e campos de extermínio para genocídio
sistemático. • Putin: leis antissindicais, controle judiciário, assassinatos
seletivos de opositores e uso estratégico de prisões políticas.
· Escala
e alvo da violência: • Stalin matou milhões sobretudo dentro das fronteiras
soviéticas. • Hitler orquestrou uma guerra total e o extermínio industrializado
de grupos inteiros. • Putin foca hoje em repressão política interna e guerra
convencional em territórios vizinhos.
· Contexto
histórico e tecnológico: • Estaline atuou no pós-revolução russa e na
modernização industrial até a Guerra Fria. • Hitler emergiu da crise de Weimar
e usou cinema, rádio e pasquins de massa. • Putin governa na era digital,
refinando técnicas de microtargeting em redes sociais e “guerra híbrida”.
Como cada um moldou a cultura popular — do realismo
socialista aos filmes de Leni Riefenstahl e, hoje, aos documentários oficiais
do Kremlin — ou ainda mapear a evolução das técnicas de propaganda autoritária
até a era das “deepfakes”.
Como cada líder moldou a cultura popular?
Segue um panorama de como cada um desses líderes
instrumentalizou arte, mídia e símbolos para criar um imaginário de massa:
1.
Josef Stalin (URSS, 1924–1953) • Culto da
personalidade e “realismo socialista” – Impôs um único estilo artístico:
pintura, escultura e literatura deveriam exaltar o proletariado, a
industrialização e, claro, o próprio Stalin como “pai dos povos”. – Grandes
monumentos, estátuas e retratos de Stalin em praças e fábricas tornavam-no
presença constante no cotidiano. • Cinema e música de Estado – Filmes como
“Chapaev” (1934) e óperas com trilhas heroicas reforçavam mitos de bravura
soviética. – Canções de massa — propagandistas distribuíam folhetos com letras
patrióticas para corais de fábrica e encontros de juventude. • Festas oficiais
e desfiles – Desfiles militares na Praça Vermelha, celebrações do Dia da
Revolução e “dias do herói” criavam ritos de passagem coletivos em torno da
ideologia bolchevique.
2.
Adolf Hitler (Alemanha Nazi, 1933–1945) •
Arquitetura monumental e estética “clássica” – Sob Albert Speer, Berlim e
Nuremberg ganharam palcos para espetáculos de massa: colunas e arcos evocavam a
grandeza do Império Romano. – O Estádio de Nuremberg (1936) e o
Volksgemeinschaft (comunidade do povo) ampliavam o sentimento de pertencimento
racial. • Cinema, rádio e espetáculos de massa – Leni Riefenstahl elevou o
documentário de propaganda a obra-de-arte em “Triumph des Willens” (1934) e
“Olympia” (1938). – O Volksempfänger (rádio de baixo custo) espalhou discursos
de Hitler e músicas patrióticas por todo o Reich. • Censura e “arte degenerada”
– Pintores expressionistas, cubistas e judeus foram interditados: exposições
itinerantes ridicularizavam as obras, enquanto museus oficiais exaltavam a
“arte ariana”.
3.
Vladimir Putin (Rússia, 2000– ) • Revitalização
do orgulho soviético e ortodoxo – Filmes de guerra e séries históricas (ex.:
“T-34”, 2018) recriam feitos heroicos do Exército Vermelho, mesclando nostalgia
patriótica com tecnologia de ponta. – A Igreja Ortodoxa ganha espaço em museus,
cerimônias estatais e videoclipes oficiais, reforçando a “Rússia milenar”. •
Controle dos meios e digitalização da propaganda – Canais de TV estatais
(Rossiya-1, Channel One) dominam a pauta cultural: entrevistas, shows musicais
e “realities” elogiam a liderança. – Nas redes, trolls e bots impulsionam
hashtags patrióticas; campanhas de microtargeting reciclarem símbolos
soviéticos para audiências jovens. • Festas nacionais e monumentos renovados –
Desfiles do Dia da Vitória (9 de maio) tornaram-se espetáculos multimídia, com
drones, fogos e reconstituições ao vivo. – Restaurar praças, mosaicos e
esculturas de Khrushchev e Brejnev ajuda a ligar o presente de Putin ao legado
soviético.
Com o imperialismo militarista de Putin, a Rússia poderá
voltar a ser grande, mas com custos globais enormes, com benefícios de poucos e
o sacrifício de muitos, em todo o mundo, sem exceção: a poluição, destruição do
ambiente, corrida aos armamentos, redução de alimentos e inflação causam mortos
de fome e doenças que afetam todo o mundo.
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